O Grupo Prerrogativas, que reúne advogados e juristas do campo progressista, elaborou petição e encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR). O objetivo é cobrar investigações sobre as recentes declarações da ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) e senadora eleita, Damares Alves (Republicanos-DF).
Durante um culto evangélico, em Goiânia (GO), ela fez graves denúncias sobre um suposto esquema de exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó (PA).
Damares declarou, inclusive, que o governo tem “imagens de crianças nossas, brasileiras, de 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras, sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”.
“Caso sejam verdadeiras essas denúncias gravíssimas, devem ser rigorosamente apuradas. Dessa forma, se forem comprovadas, Damares e o presidente Bolsonaro devem responder por prevaricação ou devem comprovar quais foram, de fato, as medidas tomadas para combater essas atrocidades”, afirmou o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, em entrevista à Fórum.
Ele ressaltou que “não houve na história recente do país nenhum governo que tenha tido tamanho comprometimento e efetividade no combate à exploração sexual infantil como os governos do ex-presidente Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff. Essa é uma missão da qual nós não abrimos mão”.
Marco Aurélio ainda fez um alerta: “Entretanto, se as notícias forem falsas, a Damares e o presidente Bolsonaro devem responder, de forma rigorosa e pedagógica, para, inclusive, que nós possamos evitar a vulgarização de um tema tão grave e tão preocupante para todos nós brasileiros e brasileiras”.
Ex-ministra não mencionou qualquer medida adotada para desbaratar o suposto esquema
Durante culto, a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos fez declarações, no mínimo, chocantes. “Bolsonaro tem uma compreensão espiritual que vocês não têm ideia. Fomos para a Ilha de Marajó e descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas por lá, e que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”, disse.
Damares continuou: “Eu descobri que nos últimos sete anos explodiu o número de estupros de recém-nascidos. Nós temos imagens, lá no ministério, de crianças de oito dias sendo estupradas; um vídeo de estupro de crianças custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil”.
Apesar de revelar que tal cenário é do conhecimento do governo federal, a ex-ministra e senadora eleita não mencionou qualquer medida adotada para desbaratar esse suposto esquema com crianças.