A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nesta terça-feira (11) uma nota em que critica a”intensificação” do uso da religião realizado pelas campanhas eleitorais neste ano para “angariar votos”. A nota veio na véspera do Dia de Nossa Senhora Aparecida, em que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) deve marcar presença em missa no Santuário de Aparecida (SP).
Ainda que não tenha citado nominalmente nenhum candidato, fica claro na nota que o incômodo foi causado pela participação do atual presidente no Círio de Nazaré, no Pará, domingo passado (9). “Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos”, diz a nota. A informação sobre o incômodo com Bolsonaro foi confirmada pelo G1.
Em setembro passado, padres brasileiros publicaram outra nota mostrando-se contrários ao “ódio” e ao “fascismo”. Para os sacerdotes, o “atual presidente insufla ódio na população por aqueles que consideram inimigos seus ou do país”. Na nota dos padres, já é condenado o uso da religião na política.
“O atual presidente sempre manipulou o sentimento religioso da população brasileira, tentando convencê-la de que é um homem cristão, religioso e, por isso, digno e bom. Trata-se apenas de uma estratégia de controle das consciências, visto que todo o seu discurso e suas ações são uma total oposição ao Evangelho de Jesus”, declararam os padres na ocasião.
Já os bispos da CNBB, na nota divulgada hoje, concordam com a nota dos padres em relação à manipulação dos valores cristãos que “sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho”.
Leia a nota da CNBB na íntegra a seguir
"Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.
A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.
Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário."
*Com informações do G1.