ELEIÇÕES 2022

“Padre” Kelmon não é tão desconhecido assim: Confira as confusões o envolvendo

“Candidato” do PTB, que entrou nas eleições para ajudar Bolsonaro, já esteve envolvido em episódios como produção de panfletos apócrifos, auxiliando um bispo católico antipetista em SP e ocupação irregular

Créditos: Redes sociais/Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

Figura que ganhou notoriedade pelo comportamento bizarro nos debates presidenciais deste ano, Kelmon Luís Souza, “candidato” do PTB ao Palácio do Planalto, que na verdade entrou na disputa para fazer dobradinha e tabelas com Jair Bolsonaro (PL), e que se lança ao cargo com o nome de “Padre” Kelmon, não é uma figura tão anônima assim no noticiário brasileiro.

Afirmando ser sacerdote ortodoxo, Kelmon não é considerado padre por nenhum ramo da Igreja Ortodoxa, que já se manifestou informando que ele não é parte dos quadros dessas organizações coirmãs. A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil, maior denominação do gênero no país, chegou a emitir nota esclarecendo que o candidato de extrema direita jamais foi ordenado ou parte do seu clero e das igrejas Copta Ortodoxa de Alexandria, Apostólica Armênia, Síria Ortodoxa Malankara, Ortodoxa Etíope e Ortodoxa Eritreia.

Como resposta, Kelman envia um vídeo de um homem chamado Ángel Ernesto Morán Vidal, que seria “bispo” da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Peru, segundo eles “autocéfala”, ou seja, não subordinada ou vinculada às igrejas católicas ortodoxas oficiais existentes no mundo.

O fato é que Kelmon já se meteu em alguns problemas nos últimos anos e não é exatamente um desconhecido nos noticiários.

Em 2010, no período da eleição presidencial, a Polícia Federal apreendeu 20 milhões de panfletos apócrifos que insultavam e atacavam a então candidata Dilma Rousseff (PT), que se tornaria presidenta. O material, retido numa gráfica, foi feito a pedido de Kelmon, que falou com a empresa em nome da Diocese de Guarulhos, da Igreja Católica Apostólica Romana, que à época era comandada nessa região pelo bispo Luiz Gonzaga Bergonzini, um notório detrator da petista e que pediu para que fiéis não votasse nela. Os impressos usavam, sem autorização, o emblema da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a instância máxima da Igreja Católica no país.

Já em outubro de 2020, uma “igreja” feita de bambu para que Kelmon “celebrasse missas” na comunidade quilombola de Bananeiras, que fica na Ilha da Maré, em Salvador (BA), foi destruída pela pequena população local. Segundo o atual candidato do PTB, a estrutura era provisória, enquanto a “igreja” definitiva não era construída.

O suposto clérigo correu para dizer que aquilo era um episódio de intolerância religiosa. Nos dias seguintes, populares da região gravaram vídeos explicando que ali havia gente de todas as religiões, inclusive com depoimentos de moradores que se assumiram evangélicos da Universal, católicos e seguidores de religiões africanas, e que a celeuma com Kelmon era outra.

Para a comunidade de Bananeiras, o problema foi a instalação do tal templo, edificado num trecho da ilha usado por pescadores e como ponto de lazer, encontro e reunião de quem vive no local, segundo uma reportagem da imprensa local. Para piorar, o Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs (CEBIC) informou que não existia qualquer previsão legal ou projeto para que um lugar de culto fosse construído naquele terreno.