Ao responder pergunta sobre a construção de um novo modelo industrial para o país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante coletiva com a Fórum e a mídia independente, nesta quarta-feira (19), que o empresariado brasileiro já foi respeitável, mas hoje “é o véio da Havan, que é uma tristeza pro nosso país, ainda vendendo produto chinês, não é nem produto brasileiro”, afirmou se referindo ao empresário Luciano Hang.
“O Brasil precisa pensar em recuperar a sua capacidade industrial”, afirmou Lula. “A indústria já representou no Brasil 30% do PIB e hoje representa 10% a 11%. E ela desapareceu porque as pessoas quiseram que ela desaparecesse. Tanto as multinacionais começaram afundando as nossas empresas de autopeças, quanto os grandes empresários”, lembrou.
Antônio Ermírio
De acordo com Lula, “a gente tinha empresários nacionalistas, pessoas de envergadura, que eram respeitadas. Eu lembro sempre do Antônio Ermírio de Moraes, que não gostava de mim, mas eu nunca deixei de reconhece-lo como um grande empresário, um cara com uma visão nacionalista, de soberania da indústria nacional. A gente tinha um conjunto de empresários que pensavam o Brasil. Não deixavam de ser atrasados na relação com os trabalhadores, mas tinham uma noção nacional”.
Véio da Havan
Para ele, “isso acabou. Hoje, quando eu vejo o empresário brasileiro é o véio da Havan, que é uma tristeza pro nosso país, ainda vendendo produto chinês, não é nem produto brasileiro”.
“Nós temos que pensar em que nicho de indústria nós tempos que apostar para que esse país possa voltar a ser industrializado. Nós perdemos a era da indústria automobilística. Somos o único país que está entre as dez economias do mundo que não tem uma indústria automobilística. Poderíamos ter tido, mas não pudemos ter ou não deixaram que a gente tivesse. Como não queriam deixar, em 1953, que a gente tivesse petróleo, porque era melhor, diziam na época, importar dos EUA. É só pegar editorial do jornal Estadão da época”, ironizou.
Lula ainda pregou "chamamento a empresários que têm consciência de que não vender seus produtos no exterior se não mudarem a visão ambiental. Essa tese de que vamos abrir a porteira para o gado passar não será predominante no meu governo", completou.