Presidente nacional do PT entre 2011 e 2017, o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) reafirmou sua posição contrária às negociações para que Geraldo Alckmin (Sem partido) como vice de Lula (PT) nas eleições de outubro.
Para Falcão, que externou sua posição a Lula no fim do ano, a candidatura do ex-presidente, que já mostrou "reputação real de estadista" em seus dois mandatos, não precisa de uma "muleta eleitoral, como seria a presença do Alckmin".
O deputado listou os motivos pelos quais é contra, citando a "contradição" do ex-tucano ao programa de reconstrução e transformação do país que vem sendo trabalhado pela Fundação Perseu Abramo.
Em seguida, Falcão ressalta que a presença de Alckmin é "muito negativa para uma campanha que tem que ser aguerrida, mobilizada e com a construção de comitês de defesa da eleição do Lula que permaneçam depois como comitês de apoio do programa de transformação".
"Além do retrospecto das políticas que realizou como governador de São Paulo, do apoio ao impeachment e de suas posições ultraconservadoras, a sua primeira manifestação envolvendo o programa foi se insurgir contra a reforma trabalhista. Da mesma maneira como reagiram os corifeus da Faria Lima e os economistas conservadores", afirma Falcão na entrevista a Ranier Bragon na edição desta segunda-feira (17) da Folha de S.Paulo.
Zé Alencar e a carta aos brasileiros
Cooordenador da campanha de Lula em 1994 e de Dilma Rousseff em 2014, Falcão ainda compara a situação atual, com Alckmin, com a eleição de 2002, quando o empresário José Alencar compôs a chapa do PT e foi divulgada a Carta aos Brasileiros.
"Ninguém aferiu até hoje se a presença do Zé Alencar e a carta aos brasileiros [destinada a acalmar os mercados] foram as responsáveis pela vitória do Lula. O Fernando Henrique já vinha com oito anos de governo, desgastado, com crise em andamento. Na época se dizia que o Lula não tinha experiência e não era confiável porque ia quebrar contratos. Hoje o Lula tem uma reputação real de estadista. Todas as pesquisas, inclusive as do Datafolha, consideram que ele foi o melhor presidente. Então, ele não precisa de uma muleta eleitoral, como seria a presença do Alckmin", diz Falcão.
Falcão admite, no entanto, que sua posição hoje é parte de uma ala minoritária no partido.
"Pelo que tem saído, provavelmente a gente seja minoria, talvez. Mas por que as pessoas procuraram minimizar as declarações do Alckmin? Porque sabem que esse tipo de declaração ajuda a mudar de lado. E se a gente priorizar esse debate de programa, dependendo do que ele falar, as resistências podem aumentar", diz Falcão.