Miguel Rossetto (PT), ministro nos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT), defendeu durante entrevista ao Programão da Fórum nesta sexta-feira (14) a revisão da reforma trabalhista adotada no governo Michel Temer. O ex-presidente Lula e dirigentes do PT sinalizaram nos últimos dias que podem seguir o caminho da Espanha e reverter as regras neoliberais impostas ao mundo do trabalho.
"São 20 milhões de desempregados no Brasil. Tem 34 milhões de brasileiros vivendo na informalidade. Isso dá conta do fracasso dessa reforma trabalhista do ponto de vista da sociedade brasileira, de quem trabalha", disse Rossetto, que foi ministro do Trabalho no governo Dilma, ao jornalista Lucas Rocha, no Programão da Fórum.
"Essa reforma trabalhista retirou direitos, precarizou relações de trabalho, fragilizou sindicatos e permitiu uma acumulação maior do capital", apontou o ex-ministro. "O marco que a Espanha criou é muito importante porque encerra uma agenda neoliberal de 30, 40 anos que nunca entregou o que promete. Essa turma nunca entrega o que promete. Retiraram direitos, aumentou a pobreza, diminuíram salários, não houve crescimento econômico e a desigualdade aumentou", detalhou.
Rossetto destacou que uma das primeiras medidas do governo Michel Temer foi acabar com o Ministério do Trabalho e disse que é importante que um novo governo progressista recrie o órgão e assuma uma agenda do mundo do trabalho.
"É impossível pensar o Brasil sem que o tema do trabalho seja um tema central. Não tem democracia que sobreviva à essa desigualdade e a essa injustiça social. A força da candidatura do Lula vem disso, da memória de um povo que viveu melhor, teve acesso a políticas pública, teve um salário mínimo maior, uma aposentadoria, o jovem que teve carteira assinada", afirmou Rossetto.
"O tema do trabalho deve ser discutido centralmente. O trabalho produz a riqueza do país e deve ser valorizado.
"Essa agenda não deu certo. É preciso um outro modelo e acho que essa é a mensagem fundamental que o presidente Lula acolheu e é preciso criar uma força muito grande na sociedade brasileira sobre isso. Acho que o presidente Lula junto a um Congresso renovado pode interromper o ciclo de barbárie, de violência enorme, e reconstruir uma nova agenda para o trabalho, o emprego e o desenvolvimento econômico", afirmou Rossetto.
Na entrevista, o ex-ministro defendeu a importância de colocar temas como a economia solidária, o meio ambiente, a igualdade de gênero, o antirracismo e a participação popular como centrais em uma agenda progressista e pregou que se "ouse".
Rossetto ainda defendeu a construção de uma federação partidária do PT com outros partidos progressistas para fortalecer a esquerda nas eleições de outubro e possibilitar que um novo governo Lula tenha uma boa base no Congresso Nacional.