O Ministério Público Federal e a Polícia Federal em São Paulo investigam suposto esquema de pagamento de propinas ao ex-senador Romero Jucá e ao ex-deputado federal Eduardo Cunha, ambos do MDB, pela empresa Global, investigada pela CPI da Covid, em contratos com a Petrobras.
Cunha e Jucá foram dois dos principais artífices do golpe em Dilma Rousseff (PT) em 2016. Na ocasão, Jucá afirmou em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado um "pacto com Supremo com tudo" para tirar Dilma do poder.
"Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra", disse Jucá à época.
Segundo reportagem de José Marques e Flávio Ferreira, a investigação tem origem em um acordo de delação premiada assinado em 2019 por dois advogados, Luiz Carlos D'Afonseca Claro e seu filho Gabriel Claro.
Segundo os advogados, a Global e seu dono, Francisco Emerson Maximiano, teria montado um esquema de lavagem de dinheiro com a utilização de laranjas e empresas de fachada na estatal junto com Jucá e Cunha que movimentou de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões.
Maximiano é dono da Global e também da Precisa Medicamentos, que é investigada na CPI da Covid sob a suspeita de irregularidades na negociação para compra da vacina indiana Covaxin pelo governo Jair Bolsonaro.
Busca e apreensão
As denúncias dos advogados serviu como base para uma ação conjunta entre a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal de busca e apreensão realizada na manhã desta quinta-feira (30) no prédio da Global e da Precisa, na área nobre comercial da cidade de Barueri, na Grande São Paulo.
Desde às 6h, agentes estão no local recolhendo documentos para comprovar as suspeitas de pagamentos de propinas a políticos em troca de apoios na contratação de empresas de Maximiano pela estatal. O contrato suspeito da Global com a Petrobras é de 2015, com valor de R$ 550 milhões.