O Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio dos bens avaliados em R$ 20 milhões do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que é líder do governo Bolsonaro na Câmara, por conta de um episódio ocorrido em 2018, quando o parlamentar era ministro da Saúde da gestão Michel Temer.
À época, um contrato fechado entre a pasta e o grupo Global, ao qual pertence também a Precisa Medicamentos, envolvida no escândalo Covaxin, acertou a compra de um lote de remédios para doenças raras no valor de R$ 20 milhões. A quantia foi depositada pelo Ministério da Saúde, comandado por Barros, mas os produtos jamais foram entregues.
Segundo os promotores federais, o caso envolvendo a Saúde e o grupo Global tem uma série de irregularidades, como favorecimento de empresas, inobservância da legislação administrativa, de licitações e sanitária, prejuízo ao patrimônio público e descumprimento de centenas de decisões judiciais. Barros também pode ser responsabilizado pela morte de 14 pacientes que sofriam de enfermidades raras e ficaram sem medicamentos naquele período.
Uma organização que engloba movimentos e grupos que lutam por direitos das pessoas que sofrem de doenças raras responsabilizou o agora líder do governo Bolsonaro na Câmara pela morte de pacientes deste grupo durante o governo de Michel Temer. A acusação veio depois de uma declaração dada pelo parlamentar à CPI do Genocídio, em agosto.
“Não se relacionam as mortes com a falta dos medicamentos. Fomos a 400 pessoas que tinham liminar e muitas foram a óbito mesmo com o medicamento. Eles (os medicamentos) não curam, apenas melhoram a qualidade de vida”, disse Barros à CPI, causando indignação nos grupos que encampam a luta por acesso a essas drogas de alto custo.
“O ex-ministro joga sobre os pacientes a responsabilidade por esse custo e nós o responsabilizamos pela morte de dezenas de pessoas com doenças raras por conta dos atrasos na compra e entrega de medicamentos, em ostensiva desobediência a sentenças judiciais?” reagiu o Coletivo Aliança Rara, em nota oficial.