A CPI da Covid tentará ouvir nesta quarta-feira, 21, o diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, que faltou na primeira convocação, dia 16. O motivo alegado para a ausência foi por não ter tido tempo suficiente para se programar e estar presente à CPI.
A CPI quer saber de Pedro Benedito Batista Júnior sobre uma possível pressão da empresa para que os médicos associados à operadora Prevent Senior indicassem medicamentos do “kit covid”. Também devem ser investigadas denúncias de pacientes da operadora, que teriam sido assediados para aceitar o tratamento em um estudo para apoiar teses bolsonaristas de que o tratamento precoce poderia salvar vidas durante a pandemia.
Comprovadamente ineficazes contra a doença, o “kit covid” é composto por medicamentos como cloroquina, azitromicina e ivermectina, e seu uso foi defendido indiscriminadamente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a rede Prevent Sênior agiu em conluio com Jair Bolsonaro (sem partido) para disseminação do uso de cloroquina para o chamado tratamento precoce da Covid-19.
“O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações foi resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent. Segundo o dossiê, o estudo foi um desdobramento do acordo. Ouvir a Prevent continuará em nossa agenda”, tuitou Rodrigues.
O presidente, inclusive, alegou em entrevista concedida para a TV Brasil ter feito uso do kit quando contraiu o coronavírus em julho de 2020:
“Começou domingo, com uma certa indisposição, se agravou na segunda-feira, com cansaço, indisposição e febre de 38 graus. Equipe médica decidiu dar hidroxicloroquina e azitromicina. Como acordo muito durante a noite, depois da meia-noite senti uma melhora, às 5 da manhã tomei a segunda dose e estou me sentindo bem”, afirmou Bolsonaro na época.
A denúncia de que a Prevent Senior estava pressionando profissionais da saúde e pacientes pelo uso do “kit covid” foi recebida pelo senador Humberto Costa (PT-PE), autor também do pedido de convocação do Pedro Júnior.
O senador petista afirma que a Prevent Senior também teria realizado tratamentos experimentais sem o consentimento de seus pacientes.
"Recebi aqui uma correspondência, que é cópia de um processo que está sendo movido por um grupo de profissionais médicos ligados à rede Prevent Senior, em que formalizaram uma denúncia contra essa instituição, por conta da política de coerção que foi assumida por essa direção em termos de orientações aos profissionais médicos, para adotarem aquelas orientações do chamado tratamento precoce. Inclusive, aqueles que, em algum momento, se recusaram a implementar essas medidas foram demitidos", comentou o senador em sessão da CPI da Covid realizada no dia 26 de agosto.
Após a denúncia, o Ministério Público de São Paulo decidiu abrir investigação para apurar o caso.
A CPI quer saber as razões que levaram a Prevent Senior a adotar uma linha de ação comprovadamente ineficaz contra o coronavírus.
Mas é possível que não consiga descobrir isso diretamente no depoimento de Pedro Júnior, que obteve na quarta-feira, 15, o direito de não responder as perguntas dos senadores que possam incriminá-lo concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.
O ministro, no entanto, não aceitou o pedido para se ausentar do depoimento e o diretor-executivo da Prevent Senior terá que comparecer à comissão parlamentar na condição de testemunha.
O que o obriga a assinar um termo de compromisso para dizer a verdade nas questões que não poderão implicá-lo criminalmente.