Wagner Rosário, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) é o depoente desta terça-feira, 21, da CPI da Covid, convocado por Eduardo Girão (Podemos-CE), senador aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas que se declara como “independente”, para falar do repasse de verbas federais aos estados e municípios.
Seu depoimento deve ficar marcado por um confronto de narrativas entre a oposição contra os apoiadores do presidente Bolsonaro.
Do lado dos senadores de oposição, o objetivo é pressionar Wagner Rosário a explicar a razão pela qual a CGU não tomou nenhuma providência depois de ter em mãos o material com a troca de mensagens entre o lobista Marconny Albernaz de Faria, um dos investigados da CPI acusado de favorecer a Precisa Medicamentos junto ao governo federal, e o ex-servidor da Anvisa José Ricardo Santana.
As mensagens trocadas pelo lobista indicam que ele tentou fraudar uma licitação com o apoio de Roberto Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde.
Por causa disso, Omar Aziz (PSD-AM) acusou o ministro da CGU de prevaricação (quando um servidor público não age diante de fato delituoso).
"O que ele tem que explicar não são as operações que ele fez, é a omissão dele em relação ao governo federal. Tem que vir, mas não tem que vir para jogar para a torcida, não. Ele vai jogar aqui é no nosso campo", disse Aziz.
"E Wagner Rosário, que tinha acesso a essas mensagens (a respeito de negociações na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde) desde 27 de outubro de 2020, ele é um prevaricador", finalizou o presidente da comissão.
Wagner Rosário, por meio de sua conta no Twitter, rebateu Aziz:
"Senador Omar Aziz, calúnia é crime!!! A autoridade antecipar atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação também é crime!!! Aguardando ansiosamente sua convocação", disse Rosário, que foi prontamente rebatido por Omar Aziz pela mesma rede social:
"Prevaricação também é crime".
E do lado dos apoiadores, o objetivo é aproveitar a presença do ministro Wagner Rosário para esclarecer como funcionam os repasses de verbas federais aos estados e municípios durante a pandemia do coronavírus.
Atacar os estados e cidades, especialmente as que são administradas por adversários de Jair Bolsonaro, como os governadores do Nordeste, sempre foi uma estratégia dos governistas.
A narrativa da situação visa mostrar que Bolsonaro sempre combateu a pandemia, enviando verbas bilionárias aos estados e municípios, ao mesmo tempo em que tenta jogar a culpa das quase 600 mil mortes causadas pela Covid-19 no mau uso deste dinheiro por governadores e prefeitos da oposição.
No requerimento, Girão ressaltou a “considerável quantidade de procedimentos de investigação que apontaram vultoso prejuízo para os cofres públicos”.
A CGU se pronunciou afirmando que fez mais de 71 operações desde abril de 2020 visando combater possíveis desvios de recursos federais voltados ao combate contra o coronavírus, com prejuízo efetivo de mais de R$ 56 milhões.
O prejuízo total com os supostos desvios pode chegar a R$ 140 milhões ao final das investigações, segundo a controladoria.