A popularidade do presidente Jair Bolsonaro se esfacela. Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (16) mostrou que apenas 22% dos brasileiros consideram sua gestão ótima ou boa, um recorde negativo, enquanto o índice daqueles que reprovam o governo atingiu 53%, o maior registrado até agora.
O resultado aponta que após a semana do Dia da Independência, em 7 de setembro, quando o atual ocupante do Palácio do Planalto liderou atos golpistas em Brasília e São Paulo, com discursos de cunho autoritário e atacando o Supremo Tribunal Federal, mais cidadãos passaram rejeitar a condução dada pelo líder extremista ao seu governo.
No último levantamento, feito em julho, já mostrando uma tendência de queda em sua popularidade, a administração Bolsonaro era vista como ótima ou boa por 24% dos entrevistados, enquanto 51% consideravam seu governo ruim ou péssimo.
Na prática, os números sugerem que os rompantes autoritários e o radicalismo inveterado do presidente fizeram sua rejeição aumentar, ressaltando que a “reserva” bolsonarista do eleitorado vem diminuindo, levando à inequívoca conclusão que suas manifestações golpistas falharam e não engrossaram as fileiras dos que concordam com o ritmo antidemocrático empreendido pelo ex-capitão de extrema direita.
Mesmo tendo recuado em seu discurso golpista nos atos de 7 de setembro, aceitando que o ex-presidente Michel Temer escrevesse uma carta para colocar panos quentes na confusão institucional criada pelo atual mandatário, os números do Datafolha sinalizaram aquilo que as redes sociais já indicavam: “arregar” na encrenca gerada por ele próprio e abaixar o tom de sua verborragia não resultaram numa coesão maior em torno de seus fanáticos seguidores. A estratégia não estancou a fuga de apoiadores, que seguiu crescendo.
Deve ser levado em consideração também para justificar a queda vertiginosa de sua aprovação os graves problemas vividos nos ambientes econômico e social, como a inflação galopante, os níveis alarmantes de desemprego e o crescimento notório da pobreza e da miséria no país.
Entre os que reprovam o governo Bolsonaro, alguns recortes são interessantes: 85% dos entrevistados que têm ensino superior consideram a gestão atual ruim ou péssima. Entre os negros, 59% o reprovam, mesmo índice encontrado entre jovens de 16 a 24 anos.
Um outro dado que também deve acender o sinal de alerta para Jair Bolsonaro e algumas lideranças que fomentam seu discurso ultrarreacionário e moralista é o recuo no patamar de aprovação dos evangélicos, que ficou em apenas 29%.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 13 e 16 de setembro, ouvindo presencialmente 3.667 pessoas com mais de 16 anos, em 190 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.