Marconny Albernaz de Faria, lobista que atuou para a Precisa Medicamentos na negociação sobre a compra da vacina indiana Covaxin junto ao Ministério da Saúde, confirmou em depoimento à CPI do Genocídio que mantinha proximidade com membros do governo e até mesmo com um dos filhos de Jair Bolsonaro.
CPI da Covid ouve Marconny Albernaz, apontado como lobista da Precisa Medicamentos
Indagado por Alessandro Vieira (PSB-RJ), Albernaz confirmou que fez sua festa de aniversário em dezembro do ano passado, durante a pandemia, no camarote onde está sediada a empresa de Jair Renan Bolsonaro no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
"O senhor pode dizer para a CPI de onde é o camarote onde o senhor fez a festa?", indagou o senador. "Do… do Jair Renan", respondeu o lobista, gaguejando, dizendo que a festa foi realizada quando estava liberada a pandemia.
"A pandemia persiste até hoje. E a ilegalidade não está na festa. A ilegalidade está no que se consegue nas festas. O que se elucida com muita clareza porque vale a pena contratar o Marconny. Porque o Marconny diz que não conhece senador. O Marconny diz não é advogado. O Marconny não entende de contrato. O Marconny não entende de licitação pública. O Marconny é o cara que vai pro churrasco com a advogada do presidente e que faz sua festa de aniversário no camarote de propriedade do filho do presidente", disparou Vieira, ironizando as falas do lobista.
No início, Albernaz disse que fazia "análise política" da compra de produtos pelo Ministério da Saúde, sem saber explicar, no entanto, como se dava essa "análise".
Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) disse que "estamos diante do depoimento mais cínico dado a esta comissão".