A CPI do Genocídio decidiu aprovar nesta quarta-feira (15) a convocação de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro que seria responsável pela instalação de esquema de rachadinhas nos gabinetes de Carlos e Flávio Bolsonaro. A convocação está relacionada com o suposto envolvimento de Ana Cristina com o lobista Marconny Albernaz, que depõe nesta quarta.
Marconny teria atuado como lobista para a Precisa Medicamentos na negociação sobre a compra da vacina indiana Covaxin junto ao Ministério da Saúde. Em depoimento, ele confirmou que tinha uma relação de amizade com Jair Renan Bolsonaro e que teria conhecido Ana Cristina através dele.
Mensagens obtidas pela CPI mostram que Ana Cristina teria trabalhado pela nomeação de figuras indicadas por Marconny no Governo Federal. O lobista integrava movimentos de direita "anticorrupção", como o Vem Pra Rua. "Ana Cristina Bolsonaro participa, encaminha currículos de pessoas indicadas pelo Sr. Marconny para ocupar cargos no Governo Federal. Essas pessoas depois têm tratativas com o Sr. Marconny", destacou Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice da CPI.
Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), Marconny "praticou tráfico de influência na República" para emplacar nomeação na Defensoria Pública da União. "A prova da conversa entre o Sr. Marconny e a Sra. Ana Cristina Valle, ex-mulher do Bolsonaro, a ex-mulher do Presidente Bolsonaro, mãe do quarto filho, o Jair Renan. A conversa é do dia 26 de agosto de 2020. Marconny reencaminha a Cristina uma mensagem enviada ao Ministro do TCU Jorge Oliveira", destacou.
Por isso, foi aprovada a convocação de Ana Cristina. Como a CPI pretende encerrar os trabalhos no dia 24, ela deve ser ouvida já na próxima semana.
Carvalho ainda destacou que o lobista "atuou em forte esquema de corrupção de Bolsonaro, repleto de comparsas, o que mostra a formação de uma quadrilha no coração da República". "O crime mais cruel que listo aqui é a interferência do senhor num processo de chamamento público para a contratação direta de 12 milhões de testes de covid-19, com a ajuda direta de Roberto Dias, para beneficiar a empresa Precisa Medicamentos, e a compra da vacina Covaxin, com todas as brechas ilegais existentes dentro do Ministério da Saúde. O resultado disso são quase 600 mil mortos", detalhou.