A CPI da Covid ouve nesta terça-feira (14) o advogado Marcos Tolentino da Silva, possível “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que deu garantia financeira de R$ 80 milhões em contrato firmado entra a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin que foi apontada como irregular pelos senadores da CPI após denúncia dos irmãos Miranda.
Essa será a segunda tentativa de ouvir Tolentino, que poderá ser conduzido coercitivamente caso não compareça de acordo com a decisão da Justiça Federal em Brasília proferida ontem, segunda, dia 13. O advogado apresentou um atestado médico para não comparecer ao depoimento que estava marcado para o dia 1º de setembro, mas a CPI da Covid alegou que o documento era fraudado, pedindo explicações do hospital Sírio Libanês e passou a defender que os trabalhos continuem até que o seu depoimento fosse colhido.
“Ele vem de maca, mas virá”, afirmou o presidente Omar Aziz (PSD-AM) na semana passada.
Amigo próximo do líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), e dono da Rede Brasil de Televisão, o depoimento de Tolentino é um dos mais esperados pela CPI, especialmente após a repercussão do depoimento de Roberto Pereira Ramos Junior, diretor-presidente da FIB Bank, que chegou a ter a prisão sugerida pelo relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros.
Os Senadores acreditam que as duas empresas sócias do FIB Bank e ligadas a Tolentino eram as verdadeiras operadoras da garantidora e como indícios para comprovar suas alegações, os parlamentares apontam, por exemplo, que as empresas estão registradas no mesmo endereço do escritório do advogado.
O advogado aparece em diversos contratos e interfaces com a Justiça como representante, procurador ou administrador do FIB Bank e de outras empresas ligadas à garantidora. A CPI também identificou quase R$ 2 milhões em transferências a uma companhia que pertence à família de Tolentino.
A convocação do advogado foi feita pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em que destaca a garantia oferecida no contrato de R$ 1,61 bilhão é do tipo fidejussória, o que não estava previsto no documento assinado entre a Precisa, o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. De acordo com o contrato, a garantia para cobrir 5% do negócio (R$ 80,7 milhões) deveria ser uma fiança bancária, um seguro-garantia ou uma caução em dinheiro ou títulos da dívida pública.
“Torna-se necessário ouvir o testemunho de Marcos Tolentino da Silva, apontado como sócio oculto da empresa que forneceu uma garantia irregular no negócio de compra da vacina indiana”, afirmou Randolfe no pedido.