Lira minimiza desfile de tanques com Bolsonaro: "Trágica coincidência"

Enquanto governo reavalia ato, o presidente da Câmara passa pano

Arthur Lira - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), mais uma vez minimizou as demonstrações golpistas promovidas pelo bolsonarismo. Dessa vez, o chefe da Câmara classificou como "trágica coincidência" o desfile de carros blindados e tanques de guerra do Exército que se posicionarão, com participação do presidente Jair Bolsonaro, em frente ao Palácio do Planalto justamente durante a votação da PEC do voto impresso

“Eu encaro isso como uma trágica coincidência. Não é que eu apoie essa demonstração. É bem verdade que essa Operação Formosa acontece desde 1988 aqui em Goiás, então não é alguma coisa que foi inventada. Mas também nunca houve um desfile na Esplanada dos Ministérios, na frente Palácio do Planalto", disse Lira durante entrevista ao Papo Antagonista, do portal O Antagonista.

"Com relação à votação, nós não deveremos ter problema. Se os deputados quiserem, a gente pode adiar a votação. Eu quero acreditar que este movimento já estava programado. Só não é usual. Não sendo usual, em um país que está polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão", completou.

Desfile e reavaliação

Por volta das 8h30 de terça, há a previsão de que o comboio militar vai desfilar pelas avenidas na Praça dos Três Poderes e estacionar em frente ao Planalto, onde generais vão entregar a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, convites para a demonstração operativa da Operação Formosa.

Políticos e partidos da oposição têm interpretado o ato de Bolsonaro como uma tentativa de intimidação e até mesmo um ensaio golpista contra a iminente derrota do voto impresso na Câmara. O presidente tem defendido a pauta como forma de tumultuar o processo eleitoral, visto que ele já deu sinalizações de que não aceitará o resultado da eleição de 2022 caso perca o pleito. Por isso, houve mobilização para impedir judicialmente a ação e parlamentares estão organizando um ato no Congresso.

A reação negativa foi tão forte que o Planalto pensa em abandonar a ideia do desfile. Segundo o jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, setores do governo defendem que a demonstração não seja realizada como previsto por enxergarem uma "tensão desnecessária".