Airton Cascavel é apontado como “ministro de fato” e teria supostamente participado de reuniões sem exercer cargo oficial no Ministério da Saúde. Ele é ouvido nesta quinta-feira, 5, como o último depoente da semana de retomada dos trabalhos da CPI da Covid-19 que investiga possíveis erros e até mesmo esquemas de corrupção na condução do governo federal na crise da pandemia do coronavírus.
Segundo investigações conduzidas pela CPI, Airton Cascavel, cujo nome verdadeiro é Airton Antonio Soligo, participou de agendas públicas e reuniões com o ex-ministro Eduardp Pazuello. Pazuello, o nomeou assessor especial, cargo ocupado de junho de 2020 a março de 2021.
O requerimento para ouvir Cascavel foi apresentado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). No documento, o senador cita reportagens em que gestores municipais e estaduais apontavam que o ex-assessor era o "ministro de fato" da pasta e que era ele quem resolvia questões de burocracia e logística do ministério.
“Durante a gestão Pazuello, da qual o senhor Airton Antonio Soligo teve papel preponderante, o Brasil presenciou o colapso dos sistemas de saúde pelo país”, aponta Randolfe no requerimento.
Carreira e apelo ao STF para faltar ao depoimento à CPI
Airton Cascavel nasceu no Paraná, mas estabeleceu carreira no estado de Roraima a partir de 1985 trabalhando como assessor da empresa paranaense União Cascavel de Transporte e Turismo (Eucatur) durante a expansão das linhas de ônibus na região.
Somente em 1988, começou carreira política sendo prefeito de Mucajaí aos 24 anos, mas ficou apenas 2 anos na cadeira, pedindo renúncia para se tornar deputado estadual de Roraima.
Foi presidente da Assembleia Legislativa do estado e participou da Assembleia Constituinte Estadual.
Depois foi vice-governador em 1994. Entre 1999 e 2002 assumiu como deputado federal pelo Progressistas, na época PPB, e ao final do mandato, foi reeleito deputado estadual.
Em 2007, foi Secretário de Desenvolvimento Agrário de Boa Vista. Ficou à frente da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) por 100 dias.
A atuação mais recente (e relevante) de Airton Cascavel foi como assessor especial da Saúde e, supostamente como “ministro de fato”, um caso que ele terá de explicar para os parlamentares na CPI do Genocídio.
Como quase todos os depoentes que têm ligações com o governo de Jair Bolsonaro, Cascavel procurou o STF para não comparecer ao depoimento. Teve seu pedido negado, mas conseguiu o direito de ficar em silêncio para as perguntas que possam gerar provas contra si concedido pelo ministro Gilmar Mendes.