Eduardo Giraldes, o atual marido de Júlia Mello Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nobrega, proibiu a esposa de citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) em sua delação ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). A revelação foi feita em trechos de diálogos entre Giraldes e o ex-presidente e ex-patrono da escola de samba Unidos da Vila Isabel, Bernardo Bello Barbosa. A conversa aconteceu em junho passado.
Bello afirma durante a conversa que os promotores não estariam interessados nele. "É óbvio que o que querem não é o bobalhão aqui", mas sim que a viúva do miliciano "fale de [Jair] Bolsonaro".
"Não vai falar", responde o atual marido de Júlia sobre Bolsonaro. "Se ela souber, e ela quiser falar", emenda Bernardo Bello. "Mas se souber, eu também não vou deixar ela falar", segue Eduardo Giraldes.
Bernardo diz então acreditar que, se citar Bolsonaro, vão acabar com Júlia "de verde, amarelo, azul e branco".
"Se ela não quiser falar... meu irmão, até porque, sabe por quê? Vai acabar com a vida dessa menina", afirma o ex-presidente da Vila Isabel.
O marido de Júlia concorda: "E com a minha".
Adriano da Nóbrega era ligado à família do presidente da República e foi citado na investigação que apura a prática conhecida como "rachadinha" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) quando ele era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. A mãe e a primeira mulher do miliciano trabalhavam com o parlamentar e teriam repassado parte de seus salários ao esquema.
As tratativas de Júlia Lotufo com o Ministério Público do Rio de Janeiro para fazer delação começaram em junho. Ela cumpre prisão domiciliar por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Teve que entregar o passaporte à Justiça e colocar tornozeleira. O condomínio onde vive, na Barra da Tijuca, é monitorado pela polícia e ela diz temer ser assassinada.
Júlia pretende, como contrapartida da colaboração com a Justiça, se livrar de eventuais penas e morar fora do Brasil com o novo marido, Eduardo Giraldes.
Reportagem da agência Sportlight de janeiro de 2020 aponta Eduardo Vinicius Giraldes Silva como envolvido em diversos crimes, entre eles falsificação de documentos, furto qualificado, furto mediante fraude, associação criminosa. E uma evolução patrimonial atípica, apontada em processo na justiça, depois de denúncia do Ministério Público Federal (MPF) por lavagem de dinheiro e sonegação, que levou a condenação em segunda instância no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) a 5 anos, 10 meses e 15 dias.
A reportagem diz ainda que “Giraldes abriu a ME RJ Importação e Distribuição em 26 de setembro de 2016. Do mesmo grupo, foi aberta dois anos depois em Portugal a Diz Ros Importação e Exportação, com inscrição em 25 de setembro de 2018 na 1.ª Conservatória do Registro Comercial do Porto, conforme os documentos consultados pela reportagem. No ano seguinte da abertura em Portugal, de acordo com o site da própria empresa, a Diz Ros comprou o Azeite Royal. E trouxe a marca para o Brasil”.
E conclui: “e, em apenas um ano de existência, esse mesmo Azeite Royal já responde pelo logotipo estampado no uniforme dos quatro grandes do Rio (Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco), do Atlético Mineiro, e ostenta a marca na fachada do Maracanã, túneis e bancos dos reservas. Além de atletas de MMA”.
Leia mais sobre o assunto na coluna de Mônica Bergamo