O reverendo Amilton Gomes de Paula será o primeiro nome a depor na esperada retomada dos trabalhos da CPI da Covid-19, também conhecida como CPI do Genocídio. Ele foi apontado por representantes da Davati como intermediário entre o governo brasileiro e empresas que ofereceram vacinas para compra.
“Reverendo Amilton”, como é conhecido, foi o responsável por abrir as portas do Ministério da Saúde para os representantes da Davati Medical Supply, que usaram a oportunidade para fazer uma proposta bilionária para vendas do imunizante da AstraZeneca.
O religioso chegou a ser nomeado oficialmente pela Davati para representar a empresa perante o Ministério da Saúde na transação.
A convocação é um pedido do vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que no requerimento lembrou que o caso veio à tona no início de julho, quando o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a comprar, por meio da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
Amilton, no entanto, disse ter recebido uma ligação com uma oferta de “doações” feita pelo presidente da Davati, Herman Cárdenas, no caso de a venda das milhões de doses da AstraZeneca com o governo Bolsonaro ser finalizada.
“Doações como a que ele já tinha feito a outras instituições internacionais. Ele faria também para a Senah por essa participação. Ele tinha essa intenção. Não falamos nem de valor, nem de comissionamento”, afirmou o reverendo.
Marcado para o dia 14 de julho, depoimento do reverendo agora será dado sem poder ficar calado
O reverendo Amilton já deveria ter prestado depoimento no dia 14 de julho, mas, acometido por problemas renais, apresentou atestado médico e foi dispensado após perícia médica do Senado.
Assim como tantos outros depoentes, o reverendo irá se apresentar ao Senado munido de um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, mas agora deverá seguir a nova prática e não poderá ficar calado em todas as perguntas, correndo o risco de ser preso caso se recuse a responder as questões que não corram o risco de produzir provas contra si.
Amilton tentou um habeas corpus para não se apresentar à CPI, mas teve o pedido negado por Fux.