A edição deste domingo (29) do jornalístico Fantástico, da TV Globo, veio recheada de reportagens especiais que denunciaram o caos instalado no país pelo governo Bolsonaro, em diversas áreas. A primeira matéria foi a da grave crise econômica na qual o país mergulhou nos últimos tempos.
Com inflação em níveis alarmantes (IPCA marcando 0,89% só em agosto, o maior índice desde 2002, e 9,3% no acumulado dos últimos 12 meses), a equipe do programa foi ouvir pequenos comerciantes, motoristas de aplicativo e prestadores de serviço que vivem em condições precárias por conta da perda de poder de compra, deixando de comer carne, peixe e outros itens. Os números da alta de preços trazidos na matéria são alarmantes: 12,29% nos ovos, 17,15% no café; 31,31% nas carnes, 36,89% no arroz, 78,75% no óleo de soja, 31,11% no gás de cozinha, 39,12% na gasolina, 52,77% no etanol e 20,86% na conta de luz, resultando num aumento de 33% no gasto geral dos trabalhadores.
Na sequência, uma série de entrevistas com especialistas, com o atleta medalhista de prata nas Paralimpíadas de Tóquio 2020 Gabriel Geraldo dos Santos Araújo e com outras pessoas com algum tipo de deficiência foi ao ar para refutar a retrógrada tentativa do ministro Milton Ribeiro, da Educação, de acabar com o sistema de inclusão nas escolas do país, consagrado há anos e unanimidade entre os estudiosos do campo da pedagogia.
Ribeiro vem numa cruzada para tentar separar alunos que apresentam algum tipo de limitação cognitiva ou física dos demais, inclusive com frases ofensivas e discriminatórias. Ele até criou um termo, “inclusivismo”, sem qualquer respaldo científico ou acadêmico, como é comum entre os bolsonaristas, para se referir às políticas de inclusão que hoje são implantadas na maior parte dos países desenvolvidos do mundo.
Por último, uma reportagem de 11 minutos mostrou a caótica gestão de Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, que enfrenta processos movidos pelo Ministério Público do Trabalho e até pela Organização das Nações Unidades (ONU), sob a acusação de assédio moral e discriminação. Ele persegue abertamente funcionários da entidade e escancara nas redes sociais ações que são consideradas crimes no Brasil.
Funcionários em condição de anonimato deram depoimentos estarrecedores, nos quais Camargo é retratado como um sujeito paranoico, em permanente caçada por “esquerdistas”. Mensagens e gravações do chefe do órgão destinado à preservação da memória negra no Brasil, recheadas de xingamentos e palavrões, revelam o total desequilíbrio de Camargo no exercício do cargo, que segundo ele, “tem o apoio de Bolsonaro” e que por isso “nada o acontecerá”.