Em passagem por Salvador (BA) nesta quinta-feira (26), o ex-presidente Lula (PT) comentou as ameaças veladas com tom golpista feitas por Jair Bolsonaro e seus apoiadores no âmbito das manifestações marcadas para 7 de setembro.
O chefe do Executivo já confirmou presença nesses atos, que carregam como bandeira uma ruptura institucional no sentido do presidente desrespeitar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e pregam a destituição dos ministros da Corte.
O próprio Bolsonaro já difundiu uma mensagem falando em "contragolpe" e a tensão tem aumentado com notícias de policiais militares bolsonaristas que, com o apoio de parcelas das Forças Armadas, estariam dispostos a embarcar em uma aventura golpista em prol do presidente.
Lula, no entanto, considera que a população não deve "dar importância" para as ameaças do titular do Palácio do Planalto.
"A inflação está voltando de forma galopante e não há perspectiva de melhorar. É preciso ter compromisso com esse país. O que vai acontecer no dia 7 é um governo usando um desfile oficial pra tentar tirar proveito político", disse.
"Não podemos aceitar provocação do Bolsonaro. Ele anda desesperado, tentando desacreditar as instituições. Não temos que dar muita importância pra ele. Bolsonaro vai caindo em descrédito a cada manifestação que faz. Nossa preocupação precisa ser a situação do povo brasileiro", completou o ex-presidente.
Força Nacional
Apuração feita pelo jornalista Leonardo Sakamoto dá conta de que o governo Bolsonaro estaria estudando utilizar a Força Nacional para intervir nos estados sem o aval dos governadores.
A ideia é que este seria um caminho mais viável para Bolsonaro encampar sua tentativa de "golpe" sem precisar, necessariamente, recorrer às Forças Armadas.
A Força Nacional seria utilizada para "preservar a ordem pública", já prevendo manifestações violentas, como alguns projetam que seriam os atos de 7 de setembro.
Ao lado de Lula nesta quinta-feira (26), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), rechaçou essa possibilidade.
“A lei é clara: o uso da Força Nacional só pode ocorrer quando solicitada pelos governadores (...) . “Recentemente, de novo buscando fazer disputa ideológica, ele mandou a Força Nacional aqui no sul do estado para resolver uma briga de vizinhos em um assentamento. Nós fomos à justiça que reafirmou que o uso é restrito e quando solicitado pelos governadores", declarou.
"Ele [Bolsonaro] vai plantando armadilhas para que o povo brasileiro fique discutindo as bobagens dele ao invés de discutir os verdadeiros problemas do país", disse ainda o mandatário estadual.