Bolsonaro fura fila e pede para matricular a filha em Colégio Militar

O presidente alega ter o direito por lei que ela entre sem passar pelo processo seletivo, que é rigoroso, por uma questão de segurança; Carla Zambelli fez o mesmo com o filho em 2019

Foto: Isac Nóbrega/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) resolveu furar a fila e pedir ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que matricule sua filha Laura, de 10 anos, no Colégio Militar de Brasília. O presidente alega ter o direito por lei que ela entre sem passar pelo processo seletivo, por uma questão de segurança.

A afirmação foi feita por Bolsonaro na última terça-feira, a apoiadores, no cercadinho do Palácio da Alvorada.

"Minha filhota, do Colégio Militar de Brasília", disse um apoiador ao presidente. "Legal. A minha deve ir ano que vem para lá, a imprensa já tá batendo. Eu tenho direito por lei, até por questão de segurança", respondeu Bolsonaro.

A informação foi confirmada à Folha pelo CCOMSEx (Centro de Comunicação Social do Exército) no início da noite de terça-feira (24)

O comandante ainda não proferiu uma decisão a respeito do pedido. O general aguarda uma manifestação do Departamento de Educação e Cultura da Força, conforme previsto em regulamento que trata do funcionamento dos colégios militares, afirmou o CCOMSEx à reportagem nesta quarta (25). A partir disso, a questão "será levada para despacho com o comandante".

Zambelli também

Se Laura for admitida, Bolsonaro não será o primeiro político do seu círculo a conseguir o privilégio. Em setembro de 2019, a deputada federal Carla Zambelli (PSL) conseguiu que seu filho fosse matriculado no sexto ano de um Colégio Militar, em Brasília, sem ter prestado concurso. A autorização para o ingresso do menino, de 11 anos, foi publicada no dia 30 de agosto no Boletim de Acesso Restrito do Exército. Concursos são pré-requisito para a seleção de candidatos nessas instituições, visto que a concorrência é grande. Em 2017, houve 1.212 candidatos para 25 vagas oferecidas para o sexto ano, uma relação de 48 candidatos por vaga.

O Despacho Decisório 142/2019 informa que a deputada solicitou a vaga depois de sua mudança para Brasília, empossada no cargo de deputada. Segundo o documento, ela afirmou que seu pedido estava respaldado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios Militares, que diz de forma genérica que casos considerados especiais poderão ser apreciados pelo Comandante do Exército. No entanto, não aborda, especificamente, o ingresso de estudantes na instituição.

Com informações da Folha