Neonazista alemã se reuniu com organizador do ato golpista do 7 de setembro em entrevista

Bruno Semczeszm está entre que foram impedidos pelo ministro Alexandre de Moraes de se aproximar da Praça dos Três Poderes

Bruno Henrique Semczeszm e Beatrix von Storch | Reprodução/Facebook
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Bruno Henrique Semczeszm, apontado como um dos organizadores do ato golpista previsto para o dia 7 de Setembro, se encontrou com a deputada neonazista alemã Beatrix von Storch, líder do partido de extrema-direita AfD, três dias depois do presidente Jair Bolsonaro.

Semczeszm está entre os que foram alvo de mandados de busca e apreensão determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (20).

No dia 29 de julho, Semczeszm publicou foto ao lado da deputado e do esposo, Sven von Storch. Segundo o bolsonarista, que comanda o blog Portal Brasil Livre, Sven possui um site semelhante na Alemanha, o Die Freie Welt (O Mundo Livre). O encontro rendeu uma entrevista que foi publicada no YouTube do Brasil Livre.

Beatrix Von Storch é também neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler, Lutz Schwerin von Krosigk.

A imagem chamou a atenção nas redes sociais. O colunista Cleber Lourenço em seu perfil no Twitter destacou a proximidade da data da reunião de Beatrix com Bolsonaro. O encontro da líder neonazista com o presidente aconteceu no dia 26 de julho.

Semczeszm também realizou entrevista com os cantores Sérgio Reis e Eduardo Araújo, que também são alvos do STF. Os três estão impedidos por Moraes de se aproximar da Praça dos Três Poderes, onde seria realizado ato golpista no 7 de Setembro. A Polícia Federal também realizou buscas nos endereços do trio.

Decisão do STF

Na decisão, Alexandre de Moraes afirmou que os investigados pretendem abusar “dos direitos de reunião, greve e liberdade de expressão, para atentar contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições”, “inclusive atuando com ameaça de agressões físicas”.

“Condutas criminosas decorrentes do abuso e desvio no exercício de direitos constitucionalmente previstos não podem ser impunemente praticadas para atentar, coagir, desrespeitar ou solapar a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições”, diz o ministro no despacho.

Moraes afirma ainda que a gravidade dos fatos investigados foi “amplamente exposta” pela PGR. Como exemplo das ameaças, o ministro cita uma fala de Sérgio Reis: “(…) enquanto o Senado não tomar essa posição, [os manifestantes irão] ficar em Brasília e não [sairão] de lá até isso acontecer. Uma semana, dez dias, um mês e os caras bancando tudo, hotel e tudo, [sem gastas] um tostão. E sem em 30 dias [o Senado não destituir os ministros do Supremo, os manifestantes irão] invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”.

AfD e o Nazismo

O partido AfD (Alternativa para a Alemanha) é uma organização ultrarradical que abriga os membros mais extremistas do espectro político daquele país. A sigla defende abertamente ideias xenofóbicas, racistas, segregacionistas e violentas. Seus principais alvos são os muçulmanos, mas ainda pode ser notado um vigoroso antissemitismo em suas fileiras.

Ainda que seus quadros tenham perdido força durante a pandemia, AfD tem bancada significativa no parlamento alemão, com 92 deputados de um total de 709.

Segundo a imprensa alemã, seus membros nutrem simpatia pelo Nazismo e pela figura de Adolf Hitler, mas manifestações desse tipo são feitas de forma velada, muito por conta da forte reação que manifestações desse tipo produzem na sociedade germânica.

Muitos de seus membros já foram “expulsos” do partido quando exageraram nos elogios ao homem que promoveu a matança de seis milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial e ao seu regime. Há pouco mais de três meses, o Serviço Secreto da Alemanha colocou a AfD sob vigilância, por considerar suas atividades perigosas para a nação.

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