O depoimento de Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, já foi adiado quatro vezes e, ao que tudo indica, finalmente acontecerá nesta quinta-feira, 19, com grande expectativa dos parlamentares de encerrarem a apuração envolvendo as suspeitas de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Intermediado pela Precisa, a vacina contra o coronavírus estava sendo negociada ao preço de US$ 15 a dose, e o contrato previa a aquisição de 20 milhões de doses, num total aproximado de R$ 1,6 bilhão.
A negociação virou tema da CPI da Covid depois que os irmãos Miranda denunciaram pressão para acelerar a compra e de terem avisado o presidente Jair Bolsonaro sobre as suspeitas de fraude e corrupção na aquisição da Covaxin.
O contrato foi cancelado pelo Ministério da Saúde após as denúncias, e a empresa Bharat Biotech, fornecedora do imunizante, rompeu com a Precisa Medicamentos em julho.
A Precisa e outra empresa de Maximiano, a Global Gestão em Saúde, são alvos de investigações ligadas não apenas ao Ministério da Saúde, mas também ao governo do Distrito Federal, à Petrobras e aos Correios.
Quem é Francisco Maximiano?
Francisco Maximiano atua no ramo farmacêutica há cerca de 10 anos, mas não era um nome conhecido no empresariado até o surgimento do contrato da Covaxin. De perfil discreto, ele não tem nenhuma rede social nem compartilha qualquer informação privada na internet.
Em documentos enviados previamente aos senadores da CPI da Covid por meio de seus advogados, Maximiano diz que é "residente e domiciliado" em Barueri, na região de São Paulo, mas seu endereço registrado é o da sede da Precisa.
Depois que as suspeitas se tornaram públicas, Maximiano e suas empresas viraram alvos da CPI da Covid e se tornaram figuras conhecidas do público, figurando entre os assuntos mais buscados do Google e presença constante nos trends topics do Twitter.
A primeira tentativa para ouvi-lo ocorreu em 23 de junho, mas os advogados avisaram na véspera que ele estava em quarentena, após retornar da Índia. E o segundo adiamento foi determinado pelos próprios senadores, depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) conceder a Maximiano o direito ao silêncio, direito que ele terá hoje também, mas apenas nas questões que possam incriminá-lo, tendo que responder as outras perguntas dos senadores.