Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados, será ouvido pela CPI da Covid nesta quinta-feira, 12, depois de ser citado por Luis Miranda (DEM-DF) como o nome mencionado por Jair Bolsonaro (sem partido) de ser o mentor no suposto caso de corrupção envolvendo a compra da vacina Covaxin.
Em depoimento à comissão e depois de muita insistência dos senadores, Miranda afirmou que, na conversa que teve com Bolsonaro para alertá-lo de possível caso de corrupção na compra do imunizante, o presidente teria dito que Barros estaria envolvido no esquema em torno das pressões no Ministério da Saúde em favor da vacina da empresa indiana Bharat Biotech.
Foi depois deste depoimento que a CPI passou a acusar o presidente de prevaricação, resultando na instauração de inquérito pela Polícia Federal para apurar o caso.
1,6 bilhão de reais teriam sido reservados para a compra da Covaxin
O acordo para a compra da vacina Covaxin foi assinado em fevereiro deste ano ao custo de R$ 1,6 bilhão, mas nenhum imunizante foi entregue. Após os indícios de corrupção, o contrato foi suspenso pelo Poder Executivo.
O líder do governo é autor de uma emenda à Medida Provisória n° 1026, das vacinas contra o coronavírus, possibilitando a importação do imunizante. O parlamentar também teve os sigilos de dados telefônico, fiscal, bancário e telemático quebrados pela CPI.
Ricardo Barros nega todas as acusações e tem pedido para depor à CPI da Covid o quanto antes, chegando até a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que o depoimento dele fosse marcado o quanto antes. O STF negou o pedido e a CPI marcou a convocação para esta quinta.
“Oportunidade para que o deputado Ricardo Barros fale a verdade e ajude a esclarecer todos esses fatos. Queremos esgotar amanhã a presença dele aqui na CPI. Se não for possível, nós iremos convocá-lo novamente”, disse o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
O autor do requerimento, senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), descreveu o pedido de convocação de Barros da seguinte forma:
"No dia 25 de junho do corrente ano, o senhor Luis Claudio Fernandes Miranda, deputado federal pelo Distrito Federal, foi ouvido por esta comissão e declinou o nome do senhor Ricardo Barros, deputado federal e líder do governo na Câmara dos Deputados, na condição de participante mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”, afirmou Vieira.
Barros também deverá prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento com o sócio da Precisa, Francisco Maximiano, que também era sócio da Global Gestão em Saúde. Há suspeitas de negligência envolvendo contrato firmado com a Global na execução do fornecimento de medicamentos raros não entregues ao governo. O parlamentar era ministro da Saúde na época.
De R$ 20 milhões negociados e entregues antecipadamente à Global, apenas R$ 2,8 milhões teriam sido ressarcidos aos cofres públicos.