Em depoimento à CPI do Genocídio nesta quarta-feira (11), o diretor-executivo da empresa farmacêutica Vitamedic, Jailton Barbosa, confirmou que a empresa, produtora da Ivermectina, bancou a publicação em jornais de um manifesto de médicos bolsonaristas defendendo o tratamento precoce da Covid-19, sem comprovação científica.
"A Vitamedic foi solicitada a dar apoio a Associação Médicos pela Vida no patrocínio de um documento técnico médico e ela o fez", disse ao ser indagado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL).
Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), então indagou se o diretor farmacêutico "considera isso ético?"
"A empresa ia lucrar com isso e não tinha nenhum estudo técnico com isso", disse Randolfe.
"Senador, antes mesmo da publicação deste manifesto, que aconteceu em 16 de fevereiro, a empresa já tinha registrado uma forte demanda do mercado, independente da opinião dos médicos e da publicação desse manifesto", alegou Barbosa.
"Isso o senhor está informando sobre demanda de mercado. A gente está falando da vida das pessoas. Tem algum estudo que mostrasse a eficácia desse medicamento contra a Covid?", insistiu Randolfe.
Ao responder, o diretor da Vitamedic tergiversou e não citou sequer uma pesquisa sobre o uso do medicamento contra o coronavírus. "Ao redor do mundo tem uma quantidade muito grande de documentos e tem uma associação médica que reúne uma quantidade grande de profissionais de saúde. E nós não entramos no mérito do conteúdo da informação", disse.
Ex-delegado e professor de Direito Penal, Fabiano Contarato (Rede-ES) acusou a empresa de cometer estelionato.
"Isso em Direito penal chama-se estelionato. Artigo 171: obter vantagem indevida induzindo ou mantendo alguém em erro mediante artifício ou ardil ou qualquer outro meio. Pena: reclusão de 1 a 5 anos e multa. Isso fere a ética e o artigo 171 porque está sendo violada a vida humana", disse Contarato.
"E o custo foi pago em vidas", emendou Calheiros.