O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta quinta-feira (29) sobre encontro que teve com deputada neonazista alemã Beatrix von Storch na segunda no Palácio do Planalto. Storch é neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler, Lutz Schwerin von Krosigk, e filiada ao partido ultradireitista neonazista AfD (Alternativa para a Alemanha).
“Na semana passada, tinha um deputado chileno e uma alemã visitando a Presidência. Falei: Poxa! Conversei, bati um papo. E vai que a deputada alemã é neta de um ex-ministro do Hitler. Pô, me arrebentaram na imprensa. Acho que não se pode ligar o pai a um filho muitas vezes que fez uma coisa errada, ligar ao outro”, disse em conversa com apoiadores.
“Não posso receber essa deputada? Foi eleita democraticamente na Alemanha. Agora, se eu for ver a ficha de cada um deles para ser atendido, vai demorar horas”, completou.
Dessa maneira, o presidente segue sem explicar qual a motivação da reunião.
Beatrix von Storch já havia aparecido ao lado da deputada extremista Bia Kicis (PSL-DF) e do filho do presidente, o também deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na foto presidencial, Bolsonaro aparece sorridente, mostrando estar satisfeito com o encontro com a neonazista.
Carta aos neonazistas
A antropóloga e pesquisadora da PUC de Campinas Adriana Dias, que há anos rastreia pela internet grupos extremistas de ultradireita que atuam no Brasil, encontrou uma carta do então deputado federal Jair Bolsonaro, datada de 2004, dirigida a neonazistas de um site que propagavam tal ideologia, retirado do ar em 2006: o Econac.
Dias entende que a forma como Bolsonaro se dirige aos neonazistas é reveladora, mas o ponto principal é o engajamento do grupo com o deputado. “Na verdade, o teor do documento (carta) não é o mais importante. O mais importante nessa carta é que ele diz que essas pessoas são a razão do mandato dele e essa carta só foi publicada em sites neonazistas e em nenhum outro canto", disse à Fórum.
AfD e o Nazismo
O partido AfD (acrônimo em alemão que significa ‘Alternativa para a Alemanha’) é uma organização ultrarradical que abriga os membros mais extremistas do espectro político daquele país. A sigla defende abertamente ideias xenofóbicas, racistas, segregacionistas e violentas. Seus principais alvos são os muçulmanos, mas ainda pode ser notado um vigoroso antissemitismo em suas fileiras.
Ainda que seus quadros tenham perdido força durante o período da pandemia, a AfD tem um bancada significativa no Bundestag, o parlamento federal da Alemanha, com 92 deputados de um total de 709 da câmara.
Segundo a imprensa alemã, seus membros nutrem simpatia pelo Nazismo e pela figura de Adolf Hitler, mas manifestações desse tipo são feitas de forma velada, muito por conta da forte reação que manifestações desse tipo produzem na sociedade germânica.
Muitos de seus membros já foram “expulsos” do partido quando exageraram nos elogios ao homem que promoveu a matança de seis milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial e ao seu regime. Há pouco mais de três meses, o Serviço Secreto da Alemanha colocou a AfD sob vigilância, por considerar suas atividades perigosas para a nação.
Com informações do Poder360