O empresário Carlos Wizard, acusado pela CPI da Covid de ser um dos financiadores de um gabinete paralelo no ministério da Saúde, teve um aumento de patrimônio de R$ 12,4 milhões incompatível com sua renda declarada em 2020, em plena pandemia, de acordo com a Receita Federal.
A declaração fiscal de Wizard está retida em malha fina para análise de possíveis inconsistências, de acordo com a coluna de Guilherme Amado.
A análise das contas de Wizard foi enviada em sigilo aos senadores no último dia 16. No documento, os auditores identificaram um “indício de variação patrimonial a descoberto” do empresário na declaração de imposto de renda de 2020.
“Indício de variação patrimonial a descoberto” significa que a soma do patrimônio de uma pessoa não tem relação com os rendimentos informados à Receita, ou seja, um crescimento financeiro sem lastro.
A inconsistência apontada pela Receita é de cerca de R$ 14 milhões na seção em que Wizard declarou seus bens e direitos. Na ficha de dívidas, outra mudança foi destacada pelos auditores: de zero em 2019, a dívida saltou para R$ 33 milhões no ano seguinte.
O empresário tem relacionamento com 66 empresas, em participações societárias ou no quadro de dirigentes, informou a Receita Federal. Em nenhuma das duas que aparecem como credoras do valor, a Distribuidora Mundo Verde e a Rede Brasileira de Bem Estar, no entanto, Wizard aparece como sócio direto.
Ainda de acordo com o documento, Wizard declarou rendimentos líquidos de R$ 16,1 milhões. A Receita apontou, contudo, uma estimativa de movimentação financeira efetiva em R$ 149,2 milhões, número nove vezes maior.
A Receita declarou que ainda faz uma apuração detalhada das contas utilizadas pelas firmas ligadas a Wizard. Após pesquisarem declarações dessas empresas, os auditores afirmaram que houve “valores consideráveis” em resgates e fluxos de aplicações financeiras.
A coluna tentou contato com o empresário, mas não obteve resposta.
Com informações da coluna de Guilherme Amado