O ex-deputado federal José Genoíno (PT-SP) afirmou durante participação no programa Fórum Onze e Meia, na manhã desta terça-feira (27), que o governo do presidente Jair Bolsonaro tem duas pernas: “uma no centrão e outra no fardão).
Genoíno disse que o centrão depende de duas coisas: “do funcionamento do parlamento para terem emendas do orçamento e cargos para continuarem exercendo mandatos parlamentares, no máximo governadores”. Para ele, “o centrão, desde quando assumiu o protagonismo na Câmara, com o Severino Cavalcanti e depois com o Eduardo Cunha e agora com o Arthur Lira, mas de maneira mais ostensiva, depende disso. Por isso que o centrão faz um balanço de natureza fisiológica pra continuar tendo funcionamento”.
O ex-presidente do PT, por outro lado, considera que a união do governo com os militares é mais profunda do que a gente imagina. “As Forças Armadas, em particular o Exército, ajudaram a produzir a ruptura de 2016, ajudaram a eleger Jair Bolsonaro. Não é por acaso que quem fez a intervenção no Rio de Janeiro é hoje ministro da Defesa (Walter Braga Netto) e já foi adido militar do Brasil nos EUA”. Genoíno lembrou ainda que “o Serviço de Inteligência desempenhou um papel importante nas fake news e mobilizações das redes sociais e eles ocupam cargo estratégicos. O núcleo do Palácio do Planalto é dirigido pelos militares”, alertou.
“Temos, portanto, um governo com duas pernas, uma no centrão e outra no fardão, que é a tutela militar. Eles não vão abrir mão da tutela militar. Ela é pra conduzir o Estado brasileiro. É tutelar as instituições, eles se arvorarem como salvacionistas. Como donos das questões estratégicas do Estado, da Segurança Pública, da Amazônia, do Incra, do Ibama, das áreas de controle público. Essa política tem de um lado a destruição. De outro lado, eles passaram a compor com o que há de mais reacionário no sistema neoliberal, que são os monopólios, como agronegócio, o sistema financeiro, os bancos especulativos e negociam um novo tipo de aliança com os EUA governado por Biden”, afirmou.
Genoíno lembrou que “e essa tutela política que eles estão construindo é pra governar com ou sem Bolsonaro. O golpe já foi dado em 2016. O que eles vão fazer daqui em diante é um endurecimento da ordem”.