O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que deve ser nomeado como ministro-chefe da Casa Civil na próxima segunda-feira (26) gastou só nos primeiros seis meses deste ano R$ 263 mil em combustível de aviação para abastecer seu jatinho particular. O valor corresponde a aproximadamente 90% de sua verba parlamentar no Senado Federal.
Nogueira tem o hábito de se deslocar pelo país apenas em sua aeronave pessoal e usa o avião, que tem o tanque cheio pelos cofres públicos, até para viagens pessoais e em dias de folga. As informações foram divulgadas pelo diário conservador carioca O Globo.
As regras parlamentares que estabelecem o uso da verba indenizatória com transporte estabelecem que cada deputado ou senador tem o direito a cinco passagens de ida e volta para seu estado de origem por mês. Só que as medidas previstas no regramento têm um item que versa sobre “combustíveis e lubrificantes” para veículos usados por membros das duas casas, e nesse trecho do texto não há a imposição de um limite para gastos dessa natureza.
Nascido no Piauí e representante deste estado na câmara alta do Congresso Brasileiro, o senador do Progressistas tem colocado combustível em seu avião pessoal em cidades como Florianópolis (SC), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Palmas (TO) e Paço do Lumiar (MA).
Curiosamente, um dos abastecimentos feitos em sua aeronave ocorreu no município paulista de Sorocaba, em 9 de junho, data do depoimento à CPI do Genocídio do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco, acusado de compor um esquema que pretendia comprar vacinas para Covid-19 de forma irregular. A sessão foi uma das mais importantes da Comissão Parlamentar de Inquérito, mas Ciro Nogueira, que é titular do colegiado de senadores, não compareceu para acompanhar a versão apresentada por Franco.
Desde o início de seu atual mandato de senador, em janeiro de 2019, o futuro ministro de Bolsonaro já gastou cerca de R$ 580 mil do dinheiro público abastecendo seu Beech Aircraft, que tem valor estimado de R$ 2,85 milhões. O parlamentar piauiense possui ainda uma outra aeronave, do mesmo fabricante, mas que segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) não está autorizado a voar há algum tempo.