Preso em março de 2019 no condomínio Vivendas da Barra, em casa vizinha a de Jair Bolsonaro, como responsável por apertar o gatilho da submetralhadora HK MP5 que disparou os tiros que assassinaram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, o PM reformado Ronnie Lessa perambulava pela zona obscura que liga as milícias ao submundo da política no Rio de Janeiro.
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E é neste porão onde pode ser encontrada a resposta para uma pergunta que se repete há mais de três anos: Quem mandou matar Marielle Franco?
O último ato das promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile, que integravam a força-tarefa entre o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil, pode ser o elo que faltava para ligar as milícias ao submundo da política fluminense.
As duas promotoras ofereceram denúncia após concluírem que Cristiano Girão, ex-vereador e ex-chefe da milícia de Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, contratou Ronnie Lessa para executar o ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio, e sua companheira, Juliana Sales de Oliveira, de 27 anos, crimes ocorridos em 14 de junho de 2014.
Cristiano Girão Matias foi vereador do Rio pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN), hoje não tem mais filiação partidária. Em 2009, foi condenado por chefiar a milícia da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, zona Oeste do Rio, e perdeu o mandato.
Depois de ficar preso por oito anos, cumprindo pena por formação de quadrilha, ele foi beneficiado por um indulto em agosto de 2017 e está em liberdade condicional desde então.
Advogado no governo Bolsonaro
Além de Cristiano, a mulher, Samanta Girão, e a irmã, Roselaine Girão, foram investigadas por suspeitas de pertencer ao grupo paramilitar do ex-policial civil Wallace de Almeida Pires, o Robocop, que comandou a milícia Gardênia Azul na época em que Girão esteve preso.
A mulher e a irmã de Girão foram defendidas pelo advogado criminalista Zoser Hardman de Araújo, que foi nomeado pelo general Eduardo Pazuello como assessor especial do Ministério da Saúde no dia 20 de maio com salário de R$ 13.623,39.
No governo, Zoser é um dos principais responsáveis por desenvolver a estratégia de contra-informação na CPI do Genocídio.