Primo de Brilhante Ustra é contratado pelo GSI como Auxiliar Técnico Militar

No período em que o coronel esteve à frente do DOI-Codi, foram registrados ao menos 45 mortes e desaparecimentos, de acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade

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Um primo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra foi nomeado em janeiro deste ano como Auxiliar Técnico Militar no Gabinete de Segurança Institucional.

Marcelo Ustra da Silva Soares é major do exército e bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra.

Brilhante Ustra é um dos principais torturadores do regime militar. O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), quando ainda era deputado, em 2016, dedicou seu voto no impeachment da então presidenta Dilma Rousseff a ele.

Marcelo afirmou à coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, que “a nomeação não tem absolutamente nada a ver com indicação, com família. É uma nomeação de um plano normal de seleção dentro do Exército”.

Recorrente

As referências de Bolsonaro a Ustra são frequentes. Quando deputado federal, ele chegou a responder processo no Conselho de Ética da Câmara pelos elogios que fez ao coronel durante seu voto pela abertura de processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

“Pela família e inocência das crianças que o PT nunca respeitou, contra o comunismo, o Foro de São Paulo e em memória do coronel Brilhante Ustra, o meu voto é sim”, proclamou Bolsonaro na ocasião.

Em agosto de 2019, Bolsonaro falou com jornalistas sobre um almoço marcado com a viúva de Ustra, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra. “Tem um coração enorme. Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, afirmou o presidente.

Ustra

O DOI-Codi era o órgão de repressão política no período do governo militar. Entre 29 de setembro de 1970 a 23 de janeiro de 1974, período em que o coronel esteve à frente do DOI-Codi, foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados, de acordo com relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade.

O relatório final da Comissão da Verdade apontou 377 pessoas, entre elas Ustra, como responsáveis diretas ou indiretas pela prática de tortura e assassinatos durante a ditadura.

Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar condenado pela Justiça pela prática de tortura durante o regime.