O ex-presidente Lula foi às redes sociais, na noite desta quarta-feira (23), para comentar a conclusão do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, mais cedo, confirmou a declaração de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no processo que levou o petista à prisão.
Em sua postagem, Lula relembrou "momentos difíceis" que teve no cárcere. "Hoje o STF decidiu que o Moro foi parcial. 580 dias. Tive dois momentos difíceis na prisão. A morte do meu irmão Vavá e do meu neto Arthur. Quando eu tava preso na ditadura, minha mãe morreu e pude me despedir dela. Mas não deixaram me despedir do meu irmão", escreveu.
"Tem muita coisa na minha vida que só pode ter o dedo de Deus. As pessoas iam me visitar na prisão, já entravam chorando. E daí eu tinha que animar elas. E eu só tinha como resistir se tivesse fé. Me apegava naquilo... os justos vencerão. E hoje a verdade venceu", completou o ex-mandatário.
Pelo Facebook, Lula publicou um texto ainda maior sobre o assunto. "Hoje eu ando de cabeça erguida na rua. Tenho certeza que o Moro e o Bolsonaro não. O povo sabe que o Brasil era melhor quando eu governava esse país", pontuou.
"Mas uma mentira foi eleita presidente da República e o povo está comendo o pão que o diabo amassou. Se Deus simboliza o amor, a fraternidade e a bondade, Bolsonaro não pode ser enviado de Deus. Se foi é castigo. Precisamos lutar porque Deus ajuda, mas a gente tem que fazer nossa parte também", prosseguiu.
Confira a íntegra.
Moro suspeito
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, se juntou a Marco Aurélio Mello, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso na defesa do ex-juiz Sergio Moro no julgamento que decidiu pela manutenção da suspeição do ex-magistrado por quebra de imparcialidade na atuação de processos contra o ex-presidente Lula. Apesar dos votos de Fux e Marco Aurélio, o grupo lavajatista terminou derrotado por 7×4.
Com o fim do julgamento, fica formalmente reconhecido pelo STF que o ex-juiz Sergio Moro atuou de forma parcial no julgamento das denúncias apresentadas contra o ex-presidente Lula no âmbito do processo do Triplex do Guarujá, da Operação Lava Jato. A suspeição impacta na nulidade de todo o processo, desde a coleta de provas até a decisão final.
O primeiro a defender no plenário, em 22 de abril, a manutenção da suspeição foi o ministro Gilmar Mendes. O magistrado, que preside a Segunda Turma, afirmou que tal colegiado já havia avaliado a questão sobre a prejudicialidade e decidiu, por 4 a 1, que a incompetência não impediria a votação sobre a suspeição. Ele ainda classificou a possibilidade de revisão do tema como uma “manobra”.
“A Turma, em sua legítima competência analisou o mérito da questão e seu poder-dever precisa ser respeitado. A decisão neste HC 193726 não compele que a Segunda Turma tenha sua jurisdição esvaziada”, afirmou Mendes. “O tribunal pleno não pode revogar uma decisão da Segunda Turma”, disse. “Há uma impossibilidade de revisão”, completou.
Acompanharam a divergência de Gilmar os ministros Kássio Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Lewandowski, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber, garantindo 7 votos para confirmar a decisão que declarou Moro suspeito já em abril. Do outro lado ficaram o relator Edson Fachin, Barroso, Mello e Fux.