O partido Rede Sustentabilidade protocolou junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (18), um mandado de segurança solicitando que a Corte obrigue o presidente Jair Bolsonaro a apresentar, em até 10 dias, as provas da fraude eleitoral que ele alega ter existido em 2018.
Defensor do voto impresso, artifício que usa, possivelmente, para alegar fraude caso seja derrotado na eleição de 2022, Bolsonaro voltou a colocar em xeque o sistema eleitoral pelo qual ele mesmo ascendeu à presidência em 2018. "Eu tenho a convicção de que realmente tem fraude. As informações que nós tivemos aqui é que em 2014 o Aécio [Neves] ganhou as eleições, em 2018 eu ganhei no primeiro turno", disse em live nesta quinta-feira (17).
No mandado de segurança apresentado ao STF, a Rede argumenta que o presidente tenta "ao arrepio de quaisquer provas ou evidências, descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro, provavelmente antevendo uma possível derrota no pleito eleitoral do ano vindouro".
"Bolsonaro cria uma narrativa falaciosa de que há fraudes eleitorais, para que consiga, de modo contrário ao ordenamento posto, apoio popular e de outras forças para segurar-se no seu cargo. Com efeito, se perder, é óbvio que alegará a suposta fraude", completa o partido, que pede ainda ao STF que Bolsonaro seja enquadrado por desobediência e de prevaricação caso não apresente provas.
Pouco antes da live em que voltou a pregar fraude nas urnas, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, cobrou que Bolsonaro apresente evidências que sustentem sua tese.
“Nunca houve fraude documentada. Jamais. Apenas o pedido de auditoria solicitado pelo então candidato Aécio Neves e que não se apurou impropriedade porque não há. Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas [de fraude] tem o dever cívico de entregá-la ao Tribunal e estou com as portas abertas", disse o magistrado à CNN Brasil.
PSDB nega fraude em 2018
Em maio, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, que seu partido reconhece o resultado eleitoral que deu vitória à Dilma Rousseff (PT) na eleição presidencial de 2014.
“Reconhecemos todos os resultados eleitorais e a segurança das urnas eletrônicas”, declarou o tucano.
Após a eleição de 2014, o PSDB chegou a pedir auditoria das urnas, que confirmou a vitória de Dilma. A legenda, agora, procura contrapor as teses de fraude encampadas por Bolsonaro.
“Ela [a auditoria] foi feita. E o resultado foi reconhecido. Não há a menor contestação. Participamos da sessão do Congresso Nacional que deu posse a ela sem qualquer protesto”, completou Araújo.