Oposição denuncia compra de votos na MP da privatização da Eletrobras

"Não podemos fazer quermesse de megawatt", criticou o líder da Minoria, Jean Paul Prates (PT)

Foto: Eletrobras
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Senadores do campo de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro denunciaram durante sessão plenária na tarde desta quinta-feira (17) que o Planalto estaria fazendo adaptações no texto da Medida Provisória 1.031, a MP da privatização da Eletrobras, para "comprar" votos de senadores que não iriam aderir à proposta.

"Tornaram essa matéria urgente e, em nome disso, estão fazendo absurdos. Não permitamos o que está se fazendo à sombra da noite, nesta madrugada, de troca de voto, de compra de voto. Compra de voto, é isso que aconteceu! Foram 2 mil megawatts para Goiás, foram R$ 700 milhões para o Piauí, 2 mil megawatts para o Rio de Janeiro... É isso que vai permitir que nós aprovemos e sejamos desmoralizados pelo Supremo Tribunal Federal?", declarou Cid Gomes (PDT-CE).

O relator, senador Marcos Rogério (DEM-RO), fiel aliado de Bolsonaro, fez diversas modificações no texto final nas últimas 24h. O senado está correndo com a MP, que perde a validade na próxima segunda-feira (22).

Cid fez ainda uma contagem de votos durante se discurso, colocando PT, PDT, Rede, Podemos, PSDB e MDB contra o projeto e cobrando uma posição contrário do PSD. "É o PSD que vai decidir essa votação", avaliou.

Esse troca-troca de megawatts e energias também foi criticado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria. "Eu estou até nervoso aqui, porque eu estou a ponto de dizer assim: olha, eu não sei que imagem passa o Senado numa situação dessa, a xepa energética. Botaram o carvão, tiraram o carvão, botaram o gás para cá, gás para lá. Não dá, não é possível fazer isso sem estudo de impacto tarifário, sem estudo de viabilidade dessas térmicas", afirmou.

"Não podemos fazer a irresponsabilidade de fazer essa quermesse aqui, de megawatt para cá, megawatt para lá. Isso é absurdo", apontou o parlamentar, que afirmou que as mudanças não foram feitas com os devidos estudos de impacto.

"Em 48 horas, a EPE pode produzir um estudo de impacto tarifário para todos esses bricabraques... Me desculpe, senador Marcos Rogério, que foram feitos na última hora... Troca megawatt para cá, troca megawatt para lá, como se estivessem brincando de Playmobil... Nós não estamos brincando de Playmobil! Isso é sério, gente, isso tem que ter viabilidade não só econômica, não só técnica, como ambiental também", disse.

Jean Paul ainda afirmou que "todos os compromissos da MP serão revertidos em um governo responsável no futuro". "Não há como continuar com esses jabutis e, muito menos, com a venda do controle da Eletrobras", completou.