O depoimento do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, à CPI do Genocídio nesta quarta-feira (16) acirrou ânimos da tropa de choque bolsonarista. Após Witzel falar que corre risco de morte por milicianos que compõem a máfia da saúde no estado, Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) chegou à sala na tentativa de intimidar o ex-aliado.
Durante seu depoimento, Witzel disse que passou a sofrer retaliação do governo federal após ser acusado de interferência na Polícia Civil do Rio de Janeiro por causa das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).
"A partir daquele momento, do caso Marielle, percebi que o governo federal e o próprio presidente começaram me retaliar. Tivemos dificuldade de conversar com ministros", disse Witzel.
O ex-governador ainda afirmou que o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse que Bolsonaro estaria descontente pela intenção dele em se candidatar à presidência em 2022.
"Estive com ministro Moro, à época, e fui pedir a ele que não pedisse de volta delegados que estavam comigo. Achei estranho. Ele não quis tirar foto comigo. E disse que não poderia dar publicidade à minha presença no Ministério da Justiça. 'O chefe falou que você precisa parar de falar que você quer ser presidente'", disse Witzel, atribuindo fala a Moro.
Sentado em frente a Witzel, Flávio Bolsonaro buscou intimidar o ex-aliado dizendo que "o depoente diz que há conluio de ministros do STJ para persegui-lo. Isso é muito grave", afirmou o filho do presidente, iniciando um tumulto na comissão.
Sala cheia
O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), chegou a interromper a sessão, reclamando do número de pessoas na sala - boa parte delas, deputados bolsonaristas.
Em seguida, Flávio iniciou um bate-boca com Renan Calheiros (MDB-AL) e senadores da oposição. "Seu pai parece que não lhe deu educação", disse Renan, após o filho do presidente ironizar uma colocação dele sobre a presença de "algumas pessoas".
O bate-boca envolvou Witzel, que chamou Flávio Bolsoanro de "mimado". "Aqui o senhor não é filho do presidente. É senador da República", disse Rogério Carvalho (PT-SE).