Após uma longa explanação na CPI do Genocídio nesta quarta-feira (15), em que culpou Jair Bolsonaro pelas quase 500 mil mortes durante a pandemia da Covid-19 no Brasil, o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel afirmou que corre risco de morte nas mãos de milicianos que participam de uma suposta máfia da saúde no estado.
"Você pode ter certeza, senador Renan, que eu corro risco de vida (SIC). Eu tenho certeza, porque a máfia da saúde no Rio de Janeiro e quem está envolvido por trás… tenho certeza que tem miliciano envolvido por trás disso. Eu corro risco de vida com minha família", disse, recebendo promessa de proteção pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Eleito na esteira do bolsonarismo e cassado pouco mais de dois anos após chegar ao Palácio das Laranjeiras e tornar-se inimigo do clã presidencial, Witzel acionou uma metralhadora giratória ao iniciar seu depoimento acusando Jair Bolsonaro de estruturar um plano para responsabilizar os mandatários estaduais pelas mortes durante a pandemia.
"O que ficou claro é que a narrativa construída pelo governo federal foi para colocar os governadores em uma situação de fragilidade porque os governadores tomaram as medidas necessárias de isolamento social", afirmou Witzel, lembrando que foi o primeiro governador a decretar a medida, em 13 de março de 2020.
Em seguida, Witzel citou dados de tuberculose em comunidades - que seria maior que em países da África - e acusou Jair Bolsonaro de não ouvir as demandas do governo do Rio.
"A minha situação como governador do estado do Rio de Janeiro era crítica. E nós não conseguimos diálogo com o presidente. O presidente não dialoga comigo. Como é que você tem um país em que o presidente da república não dialoga com governadores do estado. O presidente deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável pelas mais de 450 mil mortes que estão aí tem nome, endereço. E tem que responsabilizar aqui, no Tribunal Penal Internacional, pelo ato que praticou".