O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) afirmou em entrevista a Gabriela Oliva, divulgada nesta segunda-feira (14) pelo site Poder 360, que "pessoas fardadas" estavam na reunião em que os médicos bolsonaristas Nise Yamaguchi e Luciano Azevedo tentaram aval do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, para mudar a bula da cloroquina, incluindo a Covid-19 entre as doenças em que o medicamento poderia ser prescrito.
“Não conhecia essa médica [Nise Yamaguchi]… talvez se ela tivesse ido ao meu gabinete para se apresentar. Perguntei o nome dela e qual a formação. Tinha um outro médico do lado que eu nunca o vi antes e nem depois, esse aí nem guardei o nome […] E tinham mais pessoas lá [na reunião]… tinha o ministro Braga Netto, pessoas fardadas também”, afirmou Mandetta. Luciano Azevedo é anestesista e tenente da Marinha.
O ex-ministro da Saúde contou ainda sobre a postura enérgica de Barra Torres diante da apresentação da minuta que serviria como base para o decreto.
“Eu estava em uma reunião, me lembro bem até a data, dia 6 de abril, porque era o dia que eu seria exonerado, mas resolveram não me exonerar. Quando terminei, me pediram para subir no quarto andar. Eles já estavam lá e trabalhando nisso. Que médico chega com um decreto presidencial? Médico não tem formação para escrever minuta de decreto presidencial. E nesse papel que estava lá, entre outras coisas, estava que a Anvisa deveria concordar de colocar na bula porque não tem prescrição. Eu perguntei ao senhor Barra Torres [presidente da Anvisa] se ele estava de acordo e ele foi veementemente contra. O ministro Jorge Oliveira estava ao meu lado, recolheu todos os papéis e disse que estava fora de contexto”, disse.