A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolou no Conselho de Ética, nesta sexta-feira (21), uma representação contra o deputado bolsonarista Éder Mauro (PSD-PA) por conta dos ataques sistemáticos que o parlamentar faz contra deputadas da Casa.
Os alvos preferidos de Éder Mauro, que constantemente reafirma que já "matou muita gente" em seus discursos no plenário e comissões, são deputadas de esquerda, entre elas Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Maria do Rosário (PT-RS). O PT, inclusive, também encampa a ação contra o bolsonarista em conjunto com o PSOL.
Na última semana, durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), além de proferir xingamentos machistas contra as deputadas, chamando Maria do Rosário, por exemplo, de "Maria do Barraco", Éder Mauro chegou a sugerir a morte das parlamentares, em tom de ameaça.
“Pode se fazer de vítima, espernear, fazer o cacete nessa porra dessa sessão (…) E vou dizer mais, senhoras deputadas de esquerda: eu, infelizmente, já matei sim, não foi pouco, não, foi muita gente. Tudo bandido. Queria que estivessem aqui para discutir olho o olho. Vão dormir e esqueçam de acordar!”, disparou.
Já nesta quinta-feira (20), após Fernanda Melchionna cobrar uso de máscara por parte do deputado e expor as ameaças que sofreu, ele disse que a deputada “estava chata pra porra” e reclamou de ser classificado como “fascista, torturador, assassino”. “O choro das Deputadas da Esquerda… Eu não tenho nada contra as mulheres, já disse que sou casado com uma mulher — e uma mulher, não uma barata. E sou filho de uma mãe, e não de uma chocadeira. Portanto, não tenho medo de nenhuma de V.Exas., Sras. Deputadas”, disse.
Para Melchionna, "é inadmissível que um deputado, investigado por tortura e que confessou, inclusive, ter praticado assassinatos, ameace parlamentares, legitimamente eleitas, em plena sessão de uma das comissões mais importantes da Câmara dos Deputados".
"Sua postura, além de machista, é incompatível com o decoro parlamentar. Discursos violentos e odiosos não podem ser tolerados. O silêncio da Câmara Federal é salvo conduto para violência de gênero e machismo. É preciso dar um basta", defende a psolista.
Sâmia Bomfim, também alvo dos ataques do bolsonarista, pleiteia que ele seja "exemplarmente punido". "O deputado bolsonarista Éder Mauro acha que pode fazer o que quiser na Câmara e extrapolou todos os limites do aceitável ameaçando de morte outras parlamentares em plena CCJ. Seu objetivo foi intimidar as vozes de oposição a esse governo genocida, mas nós não nos calaremos. O comportamento criminoso e repetitivo de Éder Mauro não pode ser tolerado", pontua.
A deputada Maria do Rosário, por sua vez, já havia divulgado nota na última semana comentando a postura do deputado da "bancada da bala". “Assim agindo, este deputado uma vez mais desrespeitou a mim e outras colegas, em uma conduta completamente atentatória ao Regimento Interno da Câmara, ao Código de Ética e Decoro Parlamentar e ao Código Penal. Também confrontou o respeito à igualdade de gêneros preconizado nos regimes democráticos, mas profundamente atacado nos dias atuais em que tem sido abandonada a noção de igualdade e de direitos humanos”, escreveu a petista.