Para diminuir o poder dos militares na área de inteligência, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) teria atuado nos bastidores da compra de uma ferramenta de espionagem pelo governo federal de forma a excluir das tratativas órgãos como Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Informações (Abin).
Segundo fontes ouvidas pelo UOL sob a condição de não terem seus nomes e cargos revelados, o filho do presidente teria articulado junto ao novo ministro da Justiça, Anderson Torres, para excluir o GSI da licitação. O objetivo de Carlos seria usar as estruturas do Ministério da Justiça e da Polícia Federal para criar uma espécie de "Abin paralela" sob seu comando.
O sistema de espionagem em questão seria o Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group. O programa já foi usado para espionar celulares e computadores de jornalistas e opositores de governos ao redor do mundo, como nos Emirados Árabes Unidos e México. Organizações como a CitizenLab e a Anistia Internacional têm denunciado o Pegasus desde 2016.
O edital de licitação para compra do sistema é o de nº 03/21, do Ministério da Justiça, no valor de R$ 25,4 milhões, previsto para acontecer nesta quarta-feira (19). A pasta, no entanto, nega que "a referida licitação tenha relação com o sistema Pegasus".