Guilherme Boulos (PSOL), coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo e ex-candidato à presidência e à prefeitura de São Paulo, anunciou que deve concorrer ao governo do estado de São Paulo.
“Estou disposto a assumir o desafio de disputar o governo de São Paulo em 2022”, declarou Boulos, em entrevista à colunista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. O psolista disse estar animado para acabar com o “Tucanistão”, se referindo à sucessão de governos do PSDB no estado.
Uma pesquisa do Instituto Ipespe encomendada pelo jornal Valor, sobre a disputa pelo governo de São Paulo em 2022, divulgada em 8 de abril, mostrou empate técnico triplo na liderança.
Boulos soma 16% das intenções de voto, colado em Márcio França (PSB) e Geraldo Alckmin (PSB), que marcam 17% da preferência do eleitorado.
Ele também pregou a unidade do campo progressista para lançar um candidato único que possa derrotar Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Ele entende que o ex-presidente Lula é o nome mais forte para disputar a sucessão. No entanto, destacou que a união depende de gestos. “Não é razoável que numa composição, numa aliança política, tenha um partido que seja a cabeça de chapa em todos os lugares, em nível nacional, em nível estadual. Não é razoável isso”.
Veja alguns trechos da entrevista:
“O maior desafio que a gente tem hoje é tirar o Brasil desse pesadelo. O Brasil virou o cemitério do mundo. Nós temos um genocídio deliberado. É devastador a gente ver 4 mil pessoas morrendo por dia, ver colapso na saúde sabendo que a gente só não está pior do que isso por causa do SUS, por causa de milhares de profissionais de saúde se arriscando todos os dias. E por causa dos freios que de algum modo algumas instituições estão colocando ao [presidente Jair] Bolsonaro. Por isso eu acho fundamental a instalação da CPI da pandemia. Se for séria, ela vai apontar crimes de responsabilidade do Bolsonaro ao ter negado a vacina, ter boicotado medidas de isolamento sanitário. E pode ser o primeiro passo para o impeachment”.
“Se nós olharmos, o Bolsonaro fez coisas muito mais graves do que o Fernando Collor. A Dilma não cometeu crime e foi ‘impeachmada’. É evidente que queremos estabilidade para a democracia brasileira. Agora, é possível estabilidade com um genocida no poder? É possível estabilidade democrática com alguém que defende ditadura militar e tortura? Eu acredito que não”.
“Eu defendo essa unidade nacional do campo progressista. Temos que ver qual é o nome que vai ter melhores condições de derrotar o Bolsonaro em 2022. Se for o do Lula... hoje é. Estamos a um ano e meio da eleição. É evidente que a unidade tem que ser construída em torno do nome com melhores condições de derrotar o Bolsonaro. Mas também em torno de um projeto. A decisão sobre candidatura em 2022 também, da parte do PSOL, não é uma decisão individual minha. Ela vai passar pelo debate coletivo do partido. O partido tem congresso marcado para o segundo semestre e vai poder se definir”.
“Eu devo te confessar que tenho muita disposição de acabar com o Tucanistão. Já deu. Tem um cansaço, um desgaste do PSDB com essa mesmice tucana governando o estado há mais de 30 anos. Uma capitania hereditária com histórico de roubalheira, máfia da merenda, do metrô, do Rodoanel. Derrotar o ‘BolsoDoria’ [slogan lançado pelo então candidato ao governo João Doria em 2018] em São Paulo é muito importante. Tenho visto pesquisas que nos colocam inclusive em primeiro lugar, em empate técnico com outros candidatos. Preciso fazer naturalmente esse debate com o meu partido. Mas eu estou disposto a assumir o desafio de disputar o governo de São Paulo em 2022. E construindo uma unidade dos progressistas. Sem unidade é muito difícil derrotar a máquina do PSDB”.