O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou em artigo publicado neste domingo (7) no jornal Estado de S.Paulo que é "melhor ir devagar com o andor" em relação ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro, pois, segundo ele, "é alto o custo político" de um impedimento.
"Os mais inquietos só veem uma saída, o impeachment. Eu, que já vi de perto dois, sou cauteloso: é alto o custo político de uma intervenção congressual no que foi popularmente decidido. Às vezes não há outro jeito. Mas tal desiderato depende mais das ações (ou inações) de quem foi eleito do que, como comumente se diz, da “vontade política”. É melhor ir devagar com o andor", escreveu o ex-presidente.
No texto, FHC também poupa o governo Bolsonaro pela crise econômica do país, afirmando ser "uma questão mais complicada" e que também depende de fatores internacionais. Ele também chama de "má sorte" o atual governo ter de enfrentar crise econômica e pandemia ao mesmo tempo.
"Com isso não quero dizer que o governo Bolsonaro seja “o” responsável pelos descaminhos por que passa a economia brasileira. A questão é mais complicada, depende de vários fatores, alguns internacionais. Tampouco seria correto imaginar que a pandemia seja “a causa” do fraco desempenho da economia. Este a antecedeu", escreveu FHC.
"Mas, convenhamos, é muita má sorte do País ter de enfrentar, além da epidemia, uma economia trôpega, com exceção apenas do setor agrícola. Este já ia bem e assim continua, ao menos quanto às exportações. Pior, aos maus ventos anteriores somou-se o apego popular a um líder que não chega a ser populista, mas parece haver-se sentado numa cadeira na qual não se sente bem, ou não foi preparado para ela, apesar dos anos de Câmara. Os tempos de “baixo clero” fazem custar-lhe a se adaptar a situações novas. Coisas da democracia", completou o ex-presidente.
Em entrevista recente a Sérgio Roxo e Gustavo Schmitt, da Época, FHC admitiu, anos depois, que sente “um certo mal-estar” por não ter votado em alguém contra Bolsonaro em 2018, que era Fernando Haddad (PT).