O chanceler Ernesto Araújo, ameaçado de demissão após o fracasso na articulação internacional durante a pandemia, se articula com grupos monarquistas com objetivo de desvirtuar a função do palácio do antigo Museu Nacional e transformá-lo em um espaço de valorização do período imperial.
Segundo os jornalistas Ricardo Della Coletta e Paulo Saldaña, da Folha de S. Paulo, o governo do presidente Jair Bolsonaro, sob a liderança do ministro das Relações Exteriores, busca transformar o espaço incendiado em 2018 em um centro turístico dedicado à família imperial.
O ministro teria realizado reuniões sobre o tema e acionado auxiliares para trabalhar com essa proposta, que pretende colocar o importante acervo do museu em um prédio anexo ao palácio.
Para conseguir avançar neste plano o grupo, que também conta com o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) e representantes do Iphan afeitos à monarquia, pretende tirar o prédio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para a reitora da UFRJ, Denise Pires, o intento "parece um golpe". "Não acredito que o MEC vá tomar uma iniciativa de enfraquecer a érea de antropologia social, arqueologia, zoologia, botânica, sem que a universidade seja avisada. Há pós-graduações envolvidas de excelente nível, não é uma instituição estanque da academia, é importante para a universidade e também para o museu que ele permaneça aqui", disse à Folha.
O prédio funciona como museu desde o início da república.