O jornalista Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, celebrou o reconhecimento da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro no julgamento do caso do triplex do Guarujá, que levou o ex-presidente Lula (PT) à prisão. Para ele, a decisão começa a "resgatar o Brasil das garras do fascismo".
Guimarães já foi investigado e teve a casa invadida a mando de Moro, que o acuava de ter adiantado ao ex-presidente Lula (PT) a informação de que ele sofreria condução coercitiva em 2016. O blogueiro, além de conduzido coercitivamente a prestar depoimento na Polícia Federal, teve celulares e computadores apreendidos.
"Eles invadiram a minha residência, vasculharam tudo. Eu tenho uma filha deficiente, acamada, ela ficou muito nervosa. Minha esposa de roupas de dormir, nem deixaram ela trocar de roupa. Confiscaram meu equipamento, me chamaram para depor e começaram a me interrogar sem a presença do meu advogado e escreveram no meu depoimento coisas que eu não disse", conta Eduardo Guimarães, em entrevista à Fórum.
"Moro me investigou, vasculhou minha vida, não achou nada contra mim, nunca teve processo contra mim, mas o mal estava feito. Por quase dois meses eu fiquei aparecendo nos telejornais todo santo dia. Moro achava que ia pegar o Lula às minhas custas, acusando a mim e Lula de obstrução da Justiça. Não vingou, ele não conseguiu nada, mas ele acabou com os meus negócios", completou o blogueiro.
Na época, a condução coercitiva de Eduardo foi duramente criticada pela classe jornalística, que avaliou a conduta do ex-juiz como um atentado à liberdade de imprensa. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Repórteres Sem Fronteiras e outras entidades e nomes conhecidos do jornalismo brasileiro fizeram críticas à ação. No mesmo dia da condução coercitiva, um ato de solidariedade e em prol da imprensa livre reuniu mais de 300 pessoas no Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo.
Sobre a decisão do STF pela suspeição do ex-juiz, Guimarães diz que houve um reconhecimento da "verdade" e fez críticas aos impactos da Lava Jato no país. "Eu vejo a decisão de ontem, do STF, como uma prova de que a verdade é uma força da natureza. Ela se impõe cedo ou tarde. Tentar conter a verdade é como tentar segurar água entre as mãos, ela escapa no meio dos dedos", comenta o blogueiro.
"O ex-juiz Sergio Moro e a Lava Jato afundaram o Brasil, eles meteram o Brasil na crise econômica que até hoje vige no Brasil. Eles iniciaram uma onda de intolerância fascista e psicótica no país que vige até este momento e que a gente não vê chance de melhorar no curto prazo. Sem contar que o Bolsonaro é basicamente uma criação da Lava Jato. A decisão do STF começa a resgatar o Brasil das garras do fascismo, mas ainda tem muita luta pela frente", finalizou.