O assessor internacional do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, usou as redes sociais para negar que tenha feito gesto supremacista branco durante audiência no Senado Federal nesta quarta-feira (24). Segundo Martins, ele estava apenas "ajeitando a lapela".
"Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao 'supremacismo branco' porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um", escreveu no Twitter.
Esse mesmo argumento, de ser judeu, foi usado por Fabio Wajngarten para negar que a Secretaria de Comunicação tenha usado mensagem nazista em publicação.
Em momento que aparecia nas câmeras da TV Senado atrás do presidente da casa legislativa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Martins fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência a lema “white power” (“supremacia branca”). Esse gesto, que se assemelha a um “OK”, é classificado desde 2019 como “uma verdadeira expressão da supremacia branca” pela Liga Antidifamação dos EUA, segundo reportagem da BBC.
O gesto feito por ele parece ter como objetivo incitar grupos de supremacia branca, atitude conhecida como “dog whistle” (“apito de cachorro”, em português).
“Ele fez um sinal de supremacia branca enquanto arruma o terno. É muito difícil ele dizer que não sabe o que está fazendo. É um sinal de supremacia branca. É um sinal que é usado como senha em diversos grupos, como o Proud Boys”, disse à Fórum a antropóloga Adriana Dias, que é doutora em antropologia social pela Unicamp, pesquisa o fenômeno do nazismo e atua como colunista deste portal.
Martins é seguidor do astrólogo Olavo de Carvalho e coleciona fotos com figuras da extrema-direita dos Estados Unidos, como Donald Trump e Steve Bannon.
O presidente do Senado mandou a Polícia Legislativa instaurar um procedimento de investigação contra o assessor do Planalto e pediu a demissão dele.