Em artigo na Folha de S.Paulo nesta quarta-feira, o economista Antônio Delfim Netto, que foi ministro da Fazendo na ditadura militar, defende "Lula, de novo" em 2022 e, citando números de quando o petista esteve na presidência, diz que "causou certa estranheza a reação do "mercado" ao anúncio da decisão do ministro Fachin que, para efeitos práticos, torna o ex-presidente Lula apto a disputar as eleições".
"Comparando o fim do primeiro ao fim do segundo mandato de Lula, houve redução do déficit nominal (de 3,6% do PIB para 2,4% do PIB) e da dívida bruta (de 55% do PIB para 52% do PIB), com alguma diminuição do superávit primário (de 3,1% do PIB para 2,6% do PIB). A média de crescimento do PIB no período, ajudado pelos ganhos nos termos de troca, foi próxima a 4% a.a., e a taxa de inflação média, 5,8% a.a.", lista Delfim.
O economista, atualmente com 92 anos, lembra que "não houve ruptura com as políticas macroeconômicas fundamentais" e ressalta programas como o Bolsa Família, que ele classifica como "absolutamente extraordinário".
"Não houve ruptura com as políticas macroeconômicas fundamentais. Além disso, os programas de transferência de renda foram ampliados e perenizados para enfrentar a questão distributiva e caminhar na direção da igualdade de oportunidades através da criação do Bolsa Família, um programa absolutamente extraordinário, de custo baixíssimo pelo efeito que tem e que possui condicionalidades importantes".
Após dizer nesta terça-feira (16) que o petista poderá contar com seu voto em 2022, Delfim Netto reafirma sua posição ao afirmar que "não parece razoável, portanto, supor que Lula seria diferente de si mesmo em uma eventual terceira eleição".
"Não parece razoável, portanto, supor que Lula seria diferente de si mesmo em uma eventual terceira eleição e que se aproximaria do espectro de uma administração econômica para incorporar suas receitas que não deram certo, ainda que tenha sido de um governo do mesmo partido. Ou, até mesmo, que a menção ao seu nome possa suscitar as mesmas dúvidas e a mesma apreensão no mercado que sua presença na corrida eleitoral de 2002 causava".