Cerca de um mês após o governo do presidente Jair Bolsonaro sancionar a lei que garante a autonomia do Banco Central (BC), o Comitê de Política Monetária (Copom) da entidade decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic - a taxa básica da economia - para 2,75% ao ano.
Em nota, o BC aponta para "a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual" e criticam o "recente aumento no número de casos de Covid-19", o que coloca em dúvida uma afirmação de que há "recuperação econômica" no país. A entidade ainda comunicou que vai subir mais 0,75 pp. daqui a 45 dias.
O aumento surpreendeu analistas, que esperavam um aumento de no máximo 0,5 pp, como indicavam projeções de 54 agências ouvidas pelo Broadcast Estadão. Apenas uma agência cravou o 0,75. A taxa Selic não aumentava no país desde 2015.
A decisão já gerou reações. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a ação foi "precipitada". “Consideramos que a decisão de aumento da taxa Selic deveria ter sido postergada até que os efeitos das medidas de isolamento sobre a demanda e, consequentemente, sobre a trajetória da inflação pudessem ser avaliados”, disse Robson Braga de Andrade, presidente da CNI.
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), também criticou a medida. "1ª decisão pós-autonomia do BC e o mercado é atendido c/ alta de 0.75 p.p. nos juros. Encarece o crédito p/ as pessoas e empresas e custo da dívida, afastando o Brasil da retomada e geração de empregos. Além da alta dos alimentos e gasolina, aumentam os juros. É p/ matar o povo!", escreveu.
Com informações do BC, da CNI e do Estado de S. Paulo