Atacada por vereador bolsonarista, Estela Balardin defende mais jovens nas câmaras municipais

Após criticar o comentário de um parlamentar, a jovem vereadora petista ouviu que "está usando fralda"

Estela Balardin | Foto: Letícia Kreling/Câmara de Caxias do Sul
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Para a vereadora Estela Balardin (PT), atacada pelo vereador Sandro Fantinel (Patriota) durante sessão realizada nesta terça-feira (16) na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, o comentário feito pelo bolsonarista reforça uma cultura política que nega o espaço à juventude e a minorias dentro da política institucional.

Após criticar um comentário feito pelo parlamentar, a vereadora de 21 anos ouviu dele o seguinte: "eu não vou lhe dar resposta porque você está usando fralda perto de mim. Não tem o mínimo de experiência”.

"Isso infelizmente enfatiza uma cultura política que nós temos de que o espaço representativo, o espaço da institucionalidade, deva ser ocupado apenas por pessoas mais velhas, não deve ser ocupado pela juventude, não deve ser ocupados por mulheres, por negros e negras. E essa é justamente a nossa luta", disse Balardin em entrevista à Fórum.

Segundo a vereadora, é preciso que a democracia seja cada vez mais representativa. "Para que ela abrace cada vez mais a pluralidade de pessoas, de pensamentos e de ideias, é importante nós termos todos os segmentos representados dentro de todos os espaços, inclusive dentro das Câmaras de Vereadores", afirmou.

A parlamentar disse ainda que os embates com Fantinel têm sido comuns, tendo em vista que ele defende o governo do presidente Jair Bolsonaro. "Eu acredito que as medidas e as ações tomadas pelo Governo Federal, do presidente Jair Bolsonaro, não são as ideais, principalmente neste período de crise sanitária que o nosso país enfrenta", disse Balardin.

"Nós já havíamos sim tido alguns debates um pouco mais acalorados, outros menos, mas infelizmente eu sempre senti por parte do vereador uma postura autoritária, muito em questão à minha idade", destacou.

A vereadora explicou que o atrito desta terça aconteceu após Fantinel dizer que se solidarizava com comerciantes - que estão com suas lojas fechadas por conta da bandeira preta - porque, segundo ele, eles não estão "acostumados" a passar fome como os moradores de rua.

"Acredito que não seja essa postura que devemos ter dentro de uma Câmara de Vereadores. A nossa solidariedade deve ser para todos e todas que passam um momento de dificuldade e principalmente aqueles que sempre estiveram à margem da nossa sociedade. O impacto da desigualdade social se enfatiza ainda mais nesse período de pandemia", criticou Balardin.