Na 11ª petição, protocolada nesta segunda-feira (15) no Supremo Tribunal (STF), a defesa do ex-presidente Lula revela dois áudios apreendidos pela Operação Spoofing que mostram que o procurador-chefe da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, articulou para que um nome com o "perfil" da força-tarefa substituísse o ex-juiz Sergio Moro - que assumira à época o "super" ministério da Justiça de Jair Bolsonaro - na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Em um dos áudios, datado do dia 17 de janeiro de 2019, Dallagnol diz aos procuradores que precisaria convencer um dos candidatos, identificado como "Danilo", a assumir a 13ª Vara para "todo mundo ficar feliz".
"Então, é, hoje o que a gente precisaria fazer seria convencer o Nivaldo ou o Danilo a ir pra vara, pra 13ª vara. E aí isso ajudaria inclusive nas remoções, porque se o Danilo vai pra lá, é, a Bianca Arenhart quer ir pra uma vara criminal e ela tá numa previdenciária. Aí a Bianca iria pra criminal, o Danilo vai pra 13ª, a Bianca vai pro lugar dele pra criminal e o Julio iria pra previdenciária e todo mundo ficaria feliz", afirma.
Nesse dia, Dallagnol descarta o nome do Luiz Antônio Bonat, que viria a se tornar a primeira opção da força-tarefa cinco dias depois. "O número um também, aquele Bonat não vai".
No entanto os planos parecem ter sido frustrados e no segundo áudio, datado do dia 22 de janeiro de 2019, Dallagnol já articula apoio a Bonat "nesse negócio da seleção do juiz" diante da candidatura de um juiz identificado como "Julio", que segundo o procurador "tava agindo, talvez até ardilosamente, pra todo mundo achar que ele não ia ficar na vara do Moro".
"Então, olha, a gente pode ter escapado aí de uma bomba, graças ao Bonat ter se disponibilizado. Agora a estratégia é tentar buscar um apoio pro Bonat. Porque ele colocou ali o nome dele por amor à camisa", diz Dallagnol aos procuradores.
Pouco mais de um mês depois, no dia 6 de março de 2019, Luiz Antônio Bonat assumiu como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba no lugar do então ministro Sérgio Moro. Gabriela Hardt, que estava comandando as ações penais desde a saída de Moro, volta a ser substituta.