O procurador Deltan Dallagnol usou as redes socias nesta quarta-feira (3) para lamentar o fim da Força-Tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba. O ex-coordenador da operação disse que a fusão com o Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) no Paraná causa "preocupação".
"O fim da força-tarefa de procuradores na Lava Jato, incorporada no recentemente criado GAECO do Ministério Público Federal no Paraná, causa preocupações", tuitou Dallagnol.
Segundo o ex-coordenador da Lava Jato, "inevitavelmente se ampliará o prazo de investigações e haverá o adiamento de operações" e a mudança acontece "dentro de um quadro de retrocessos no combate à corrupção, reconhecidos por organismos internacionais".
Na mensagem, Dallagnol ainda ignora as críticas que a operação vem recendo e afirma que "a força-tarefa se encerra como um modelo de sucesso em termos de responsabilização de corruptos, recuperação de dinheiro desviado e diagnóstico da macrocorrupção política brasileira".
A notícia veio à tona dois dias depois do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, levantar o sigilo dos diálogos obtidos na Operação Spoofing que mostram o ex-juiz federal Sérgio Moro colaborando com procuradores em processos - prática ilegal - conforme apontam juristas ouvidos pela Fórum.
Para a jurista constitucionalista Margarida Lacombe, professora da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ e coordenadora do Observatório da Justiça Brasileira da universidade, o material é um “escândalo”. "As mensagens trocadas entre o juiz e o Ministério Público vão além do Direito. E esse escândalo será contado pela História encarregada de explicar a ascensão do presidente Bolsonaro ao poder”, disse à Fórum.
Já para jurista administrativista Rafael Valim, co-fundador do Lawfare Institute e co-autor do livro “Lawfare: uma introdução”, o material obtido pela defesa de Lula através da Operação Spoofing mostra que Moro e Dallagnol usaram de suas funções para perseguir o ex-presidente.