Bolsonaro quer criar milícia política e, ao liberar armas, alimenta fanáticos como Daniel Silveira, diz Freixo

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o deputado estabelece uma relação direta entre os decretos de armas de Bolsonaro, suas aspirações golpistas e figuras como o parlamentar recentemente preso

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Pouco antes da votação da Câmara que confirmou a manutenção da prisão do bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), na sexta-feira (19), o deputado federal Marcelo Freixo publicou um artigo no jornal Folha e S. Paulo em que estabelece uma relação direta entre os decretos de armas de Bolsonaro, suas aspirações golpistas e figuras como o parlamentar que ameaçou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu o AI-5, instrumento mais repressivo da ditadura militar.

Segundo Freixo, inspirado na invasão ao Capitólio promovida por apoiadores de Donald Trump, que não aceitaram a vitória do presidente Joe Biden nos Estados Unidos, Bolsonaro quer criar uma "milícia política" para se manter no poder, e alimenta "fanáticos" como Daniel Silveira ao liberar o acesso a armas e munições como fez em decretos editados recentemente.

"Ao mesmo tempo que permite o livre acesso às armas, destruindo todo o arcabouço de leis por meio de decretos, Bolsonaro alimenta um conjunto de fanáticos negacionistas, que defendem o fechamento do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal), com o objetivo de criar uma milícia política para ameaçar opositores, fragilizar o sistema democrático e tentar se manter no poder pela força", escreve o deputado do PSOL.

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Investigado no inquérito dos atos antidemocráticos, Daniel Silveira foi preso na última terça-feira (16) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, após divulgar vídeo com novos ataques e ameaças a ministros da Corte. A prisão foi chancelada de forma unânime pelos outros ministros do STF e, depois, confirmada em audiência de custódia.

Para Freixo, a postura de Silveira é "ilustrativa para entender como a máquina golpista opera por dentro do regime para gerar instabilidade e constranger as instituições".

"Silveira e outros políticos extremistas, incluindo membros do clã presidencial, são investigados no STF por usar a estrutura de seus mandatos, ou seja, dinheiro público, para financiar a rede de disseminação de fake news e discursos de ódio e realizar atos antidemocráticos a favor do fechamento do Congresso e do STF. Em ambos os casos, o objetivo é caluniar opositores e jornalistas, minar a credibilidade das instituições e do próprio regime democrático, estimular a ação de grupos violentos, provocando instabilidade política para tentar subverter a ordem constitucional. Em suma, o objetivo é substituir o poder das leis pelo da força —e fazer com que a bala valha mais que o voto", analisa o psolista.

Confira a íntegra do artigo aqui.